17 jun, 2020 - 17:01 • Ecclesia com Teresa Paula Costa
O novo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, apelou esta quarta-feira, em Fátima, à defesa da vida e à solidariedade com as vítimas da crise económica e social provocada pela pandemia.
“A pandemia fez-nos perceber como essas situações põem em causa toda sociedade. É um escândalo e um perigo, uma sociedade como a nossa não se pode dar ao luxo de ter bolsas de pobreza, que acabam por ter uma consequência para a sociedade inteira”, referiu o bispo de Setúbal aos jornalistas, falando no final dos trabalhos que se iniciaram na segunda-feira.
Na sua primeira conferência de imprensa como presidente da CEP, D. José Ornelas admitiu que a crise “terá tendência a agravar-se nos próximos meses”, em particular para as famílias mais carenciadas e pessoas que se viram sem recursos “de repente”.
O prelado pediu que “não se volte a experimentar a situação de penúria” durante as últimas crises, que tiveram uma “repercussão social dramática” na Península de Setúbal, onde é bispo.
A resposta económica e política, realçou, não deve deixar “ninguém para trás”, com particular preocupação para a situação dos mais velhos.
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O presidente da CEP considerou “dramática” a situação vivida em vários lares de idosos, desejando que se aprenda com os erros para “evitar dramas destes”, no futuro.
D. José Ornelas destacou que a defesa da vida “é o suporte para todas as outras dimensões”.
“Antes de mais a defesa da vida e isso a todos os níveis”, em termos de organização da sociedade, com atenção às “fases mais frágeis do existir”, como nas questões do aborto e da eutanásia, prosseguiu.
O novo presidente assumiu a intenção de encontrar “meios de convergência” com as forças políticas.
“O que está pandemia veio dizer é que precisamos de um Estado que assegure o fundamental da vida e da população. Assegure, não significa que tem de fazer tudo, mas é muito importante que esteja bem presente”, indicou.
O bispo de Setúbal manifestou preocupação com a situação das IPSS, lamentando o “subfinanciamento” que se vem verificando.
“Há muitas situações que estão no limite da sustentabilidade”, alertou.
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D. José Ornelas advertiu também para casos de “burnout” que afetam os profissionais de saúde, pedindo melhores condições para que possam “exercer bem o seu papel”
O responsável assinalou que a Igreja Católica tem sabido “inventar formas de estar presente”, procurando “caminhos ajustados à realidade”, mesmo no desconfinamento, num momento de maior “contenção” na vida das pessoas.
O regresso à normalidade, contudo vai exigir tempo e “criatividade”, integrando a presença física e os meios digitais em novas soluções.
Questionado sobre as recentes manifestações contra o racismo e a violência policial, com destruição e vandalização de estátuas, o bispo de Setúbal considerou que houve “exageros compreensíveis” e convidou a “construir uma história nova”, em vez de procurar reescrever o passado.
“A luta contra a discriminação, qualquer que ela seja, racial, económica, cultural, isso tem de ser constante. O Evangelho, apresentado como forma de união de todos, das diversas culturas e línguas deste planeta, é um projeto novo”, concluiu.