10 jul, 2020 - 11:30 • Olímpia Mairos
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) está a apoiar cerca de 500 religiosas da comunidade de Bukavu, na República Democrática do Congo, que trabalham com as vítimas da Covid-19.
A verba disponibilizada de 120 mil euros tem como finalidade a “sobrevivência de 464 irmãs que integram 69 comunidades religiosas femininas, oriundas de seis congregações”, explica a fundação pontifícia.
De acordo com AIS, “o coronavírus está a afetar muito a vida das populações no continente africano” e a necessidade de confinamento das pessoas como medida preventiva para o contágio “veio agravar situações já por si muito críticas de pobreza, especialmente nas regiões afetadas por violência de grupos armados, conflitos étnicos e perseguição religiosa”.
A República Democrática do Congo é um desses países. E a região de Bukavu, “atormentada por conflitos étnicos, insegurança, incursões armadas de países vizinhos, sequestros e violações, é um espelho de um país onde a vida é um verdadeiro pesadelo”, alerta a fundação, acrescentando que “a pandemia do coronavírus veio agravar ainda mais este cenário”.
Segundo a Ajuda à Igreja que Sofre, as religiosas que vivem e trabalham na diocese de Bukavu são o rosto da solidariedade da Igreja junto dos que mais sofrem, dos que passam mais necessidades.
“Pobres entre pobres, sempre disponíveis para os outros, as irmãs subsistem normalmente do que a própria comunidade oferece. O confinamento veio agravar ainda mais a já difícil situação de muitas comunidades neste país, fazendo aumentar o desemprego e trazendo consigo mais pobreza e fome”, descreve a fundação pontifícia.
A comunidade eclesiástica de Bukavu compreende seis dioceses. Na sua população tem uma taxa de desemprego “muito alta, cerca de 96%”.
A ajuda de emergência da Fundação AIS torna-se, por isso, essencial para que estas religiosas possam continuar a apoiar as populações mais carenciadas.
O bispo de Mbuji-Mayi, D. Bernard-Emmanuel Kasanda, localizado no centro da RD Congo, conta que “em condições normais, são os fiéis que dão o apoio material e comida”.
Em tempos de pandemia, acrescenta o prelado, “com os paroquianos confinados, a vida tornou-se mais difícil para todos, porque a maioria das pessoas vive apenas com o trabalho do dia-a-dia.”
Christine du Caudray, responsável a nível internacional pelos projetos da Fundação AIS na República Democrática do Congo, sublinha que, muitas vezes, as irmãs são mesmo a única presença visível junto dos que mais sofrem, dos que são perseguidos e ameaçados.
“Muitas vezes”, diz esta responsável, “quando os conflitos levam as ONG’s a abandonar” os locais onde desenvolviam o seu trabalho, por ser muito perigoso, a Igreja fica presente”. E as irmãs lá estão nessa linha da frente da solidariedade, “junto das populações mais pobres, com o espírito da Madre Teresa”.