22 jul, 2020 - 12:23 • Aura Miguel
O Vaticano publicou um novo documento da Academia Pontifícia para a Vida que reflete sobre as consequências globais da crise sanitária causadas pelo Covid-19.
Com o título "Humana communitas na era da pandemia. Reflexões intempestivas sobre o renascimento da vida”, o texto assenta em três princípios-chave: desenvolver uma ética do risco, implementar a cooperação internacional e promover a solidariedade responsável.
Numa nota de apresentação, o presidente desta academia pontifícia, Monsenhor Vincenzo Paglia, afirma que “num momento em que a vida parece suspensa e estamos marcados pela morte de pessoas queridas e pela perda de pontos de referência para a nossa sociedade, non podemos limitar-nos a discutir o preço das máscaras, ou a data de reabertura das aulas”.
Para Monsenhor Paglia, “devemos aproveitar a ocasião e arranjar coragem para discutir as melhores condições de orientação do mercado e da educação".
Ética do risco
O documento destaca "a lição de fragilidade" que toca a todos, mas especialmente aos hospitalizados, os prisioneiros nos cárceres, os que vivem em campos de refugiados. E, ao mesmo tempo, a consciência de que a vida é um dom e que tudo está interligado, desde ”a devastação da terra” e “as escolhas económicas baseadas na ganância e no consumo excessivo”, ao "abuso e desprezo pela criação”.
A Academia vaticana apela a "uma sinergia de esforços" para compartilhar informações, fornecer ajuda e disponibilizar recursos que permita “desenvolver tratamentos e vacinas” e recorda que “a pandemia aumentou ainda mais a diferença entre países ricos e pobres que estão a pagar o preço mais alto, pois já carecem de recursos básicos e são frequentemente atingidos por outras doenças letais, como a malária e a tuberculose.”
A pensar nos mais fragilizados, o documento sublinha a importância da "ética do risco", que envolve responsabilidades específicas para com as pessoas cuja saúde, vida e dignidade correm mais risco. E apela para “que sejam feitos esforços globais e uma grande cooperação internacional” de modo a reconhecer como um "direito humano universal", o "acesso à assistência médico-sanitária de qualidade e medicamentos essenciais para todos”.