20 ago, 2020 - 17:53 • Ana Lisboa
A Comunidade Ecuménica de Taizé promove, de 28 a 30 de agosto, um encontro online com o tema "Sempre em caminho, nunca desenraizado", para comemorar o 80.º aniversário da chegada do irmão Roger àquela região no sudeste de França.
“Será possível acompanhar a oração comum, que é um momento essencial da nossa vida e dos encontros dos jovens. Depois no vídeo será possível ver a oração e haverá as introduções bíblicas e momentos de reflexão sobre determinados temas”, explicou o irmão Charles-Eugène, um dos primeiros companheiros do irmão Roger.
O monge adiantou que os participantes vão ter também “a oportunidade de fazer perguntas”, que é uma forma de “participar para que se abra um diálogo”. E acrescenta que este encontro “vai realizar-se um pouco nos moldes” do que viveram no Pentecostes.
O irmão Charles-Eugène referiu ainda que "as tecnologias, nomeadamente as redes sociais, têm sido uma forma de superar o distanciamento social que a pandemia do novo coronavírus Covid-19 obriga" e sublinha que “há menos jovens” em Taizé neste Verão, “são 500-600 todas as semanas”, quando noutros anos “eram de três ou quatro mil”.
Nesta semana, assinalam-se também os 15 anos do falecimento do irmão Roger, vítima de uma mulher perturbada que em 2005 o matou durante a oração da noite.
Recorde-se, que Roger Schutz, um jovem pastor calvinista suíço de 25 anos, chega pela primeira vez à pequena aldeia de Taizé em 20 de agosto de 1949. Pouco depois, começa a acolher pessoas necessitadas e em dificuldade.
Recordando esses primeiros tempos, o Irmão Roger dizia: “Penso que desde a minha juventude nunca perdi a intuição de que uma vida em comunidade pode ser um sinal de que Deus é amor, só amor. Pouco a pouco crescia em mim a convicção de que era essencial criar uma comunidade de homens decididos a dar toda a sua vida e que procurassem sempre compreender-se mutuamente e reconciliar-se: uma comunidade onde a bondade do coração e a simplicidade estivessem no centro de tudo.”
Na informação partilhada na página online de Taizé, o irmão Alois explica que esta data de 20 de agosto lembra o início de uma fundação que “já estava a amadurecer no coração do Irmão Roger há vários anos, que lentamente evoluiu para uma busca passo a passo, com tentativas, hesitações e dúvidas”, até ao momento decisivo do compromisso de vida dos primeiros irmãos na Páscoa de 1949.
“Vale a pena meditar na forma de fazer as coisas do irmão Roger e deixarmo-nos inspirar por ela: quando deixou o seu país para vir a Taizé não tinha um plano concreto elaborado antecipadamente, não sabia o que Deus esperava dele a longo prazo, apenas sabia que tinha de começar e estava pronto para dar um primeiro passo”, sublinha o Prior da comunidade ecuménica.
Já o monge Charles-Eugène reconhece que o “irmão Roger foi antes de tudo um homem de comunhão, um homem que desejou criar a paz e a reconciliação ao seu redor, mais com a própria vida do que com muitas palavras e creio que continuamos neste caminho, gostaríamos de continuar neste caminho”, acrescenta.
Oitenta anos depois, a Comunidade Ecuménica de Taizé continua a reunir monges católicos e protestantes provenientes de cerca de trinta países do mundo, concretizando o sonho de seu fundador: ser “uma parábola de comunhão, fermento de reconciliação na família humana”.