01 set, 2020 - 13:05 • Ana Lisboa com Ecclesia
O Papa Francisco insiste no "apelo para se cancelar a dívida dos países mais frágeis, à luz do grave impacto das crises sanitárias, sociais e económicas” que esses países têm de enfrentar por causa da pandemia da Covid-19.
“É necessário ainda assegurar que os incentivos para a recuperação, em fase de elaboração e implementação a nível mundial, regional e nacional, se tornem realmente eficazes mediante políticas, legislações e investimentos centrados no bem comum e com a garantia de se alcançar os objetivos sociais e ambientais globais”, acrescentou.
Na mensagem que escreveu, e que visa assinalar o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2020 que se celebra hoje, Francisco sublinha que "não devemos esquecer a história de exploração do sul do planeta, que provocou um enorme déficit ecológico, devido principalmente à devastação dos recursos e ao uso excessivo do espaço ambiental comum para a eliminação dos resíduos”.
Para Francisco, é de igual modo “preciso restaurar a terra” e defende que o “restabelecimento” de um equilíbrio climático é “extremamente importante”, por causa da “urgência em que a sociedade se encontra, “a ficar sem tempo, como lembram os filhos e os jovens”.
Na sua nota, diz que "tem de se fazer todo o possível para manter o aumento da temperatura média global abaixo do limite de 1,5 graus centígrados, como ficou consagrado no Acordo de Paris sobre o Clima: ultrapassar tal limite revelar-se-á catastrófico, sobretudo para as comunidades mais pobres em todo o mundo”.
O Papa refere que neste momento crítico, “é necessário promover uma solidariedade intra e intergeracional” e aponta para a “importante” Cimeira do Clima em Glasgow, no Reino Unido (COP 26), convidando cada país a “adotar metas nacionais mais ambiciosas para reduzir as emissões”.
Em seu entender, o restabelecimento da biodiversidade “é igualmente crucial” no contexto da “extinção de espécies” e da “degradação dos ecossistemas sem precedentes”. Por isso, considera necessário “apoiar” o apelo das Nações Unidas para “preservar 30% da Terra como habitat protegido até 2030”.
“Exorto a comunidade internacional a colaborar para garantir que a Cimeira sobre a Biodiversidade (COP 15) de Kunming, na China, constitua um ponto de viragem no sentido do restabelecimento da Terra como casa onde, segundo a vontade do Criador, a vida seja abundante”.
O Santo Padre alerta para um "novo tipo de colonialismo", apelando à proteção das comunidades indígenas de empresas, “particularmente multinacionais, que através da “extração perniciosa de combustíveis fósseis, minerais, madeira e produtos agroindustriais, fazem nos países menos desenvolvidos aquilo que não podem fazer nos países que lhes dão o capital", citando a sua encíclica ‘Laudato Si’.
Refira-se, que o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2020, que se celebra hoje, marca o início de um tempo ecuménico dedicado à criação, até 4 de outubro, memória de São Francisco de Assis, este ano vivido sob o tema ‘Jubileu pela Terra’. Nesta sua mensagem, o Papa recorda precisamente que na Sagrada Escritura o jubileu é “um tempo sagrado para recordar, regressar, repousar, restaurar e rejubilar”.