22 set, 2020 - 11:32 • Aura Miguel
O Vaticano condena todas as formas de eutanásia e suicídio assistido, com a publicação de uma carta doutrinal pela Congregação para a Doutrina da Fé.
“Samaritanus bonus” - "O Bom Samaritano" - é o título do documento que traz esclarecimentos morais e de índole prática sobre como assistir as pessoas em sofrimento e fim de vida.
O documento aprovado pelo Papa destina-se, sobretudo “aos que estão em contacto com os doentes nas fases críticas e terminais (familiares ou os tutores legais, capelães hospitalares, ministros extraordinários da Eucaristia e agentes de pastoral, voluntários e profissionais da saúde) e aos próprios doentes”.
O texto reafirma a proibição da eutanásia e do suicídio assistido, considerados como crimes contra a vida humana e “um ato intrinsecamente mau, em qualquer ocasião ou circunstância”. Por isso, “a eutanásia é um ato homicida que nenhum fim pode legitimar e que não tolera nenhuma forma de cumplicidade ou colaboração, ativa ou passiva”. O mesmo se diga do suicídio assistido, uma vez que “tais práticas jamais são uma autêntica ajuda ao doente, mas uma ajuda a morrer. “
A carta “Samaritanus boinus”, divide-se em várias partes e pontos de reflexão doutrinal, como “a obrigação moral de excluir a obstinação terapêutica”, “os cuidados básicos: o dever de alimentação e hidratação”, “os cuidados paliativos”, “o acompanhamento e o cuidado em idade pré-natal e pediátrica”, ou “a reforma do sistema educativo e da formação dos profissionais da saúde”.
No ponto relativo à “objeção de consciência por parte dos profissionais da saúde e das instituições sanitárias católicas”, o documento admite poder-se “chegar à situação de dever desobedecer à lei, para não acrescentar injustiça a injustiça” e acrescenta que “os profissionais da saúde não devem hesitar a pedi-la como direito próprio e como contribuição específica ao bem comum.”
“Tudo isto”, conclui o documento, “requer uma tomada de posição clara e unitária por parte das Conferências Episcopais, das Igrejas locais, assim como das comunidades e das instituições católicas para tutelar o próprio direito à objeção de consciência nos contextos legislativos que prevêem a eutanásia e o suicídio".