12 out, 2020 - 17:12 • Filipe d'Avillez
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Os bispos da Igreja Católica em Portugal pedem que nos próximos dias 1 e 2 de novembro, respetivamente dia de Todos os Santos e dia dos Fiéis Defuntos, as autoridades mantenham os cemitérios abertos para que as pessoas possam cumprir a tradição de ir homenagear os seus familiares que já morreram.
Numa nota pastoral emitida no seguimento da reunião do Conselho Permanente da CEP, que se realizou esta segunda-feira em Fátima, os bispos reconhecem os constrangimentos provocados pela pandemia, mas avisam que o luto mal resolvido pode matar tanto como a Covid.
“É certo que não depende da Igreja a gestão da grande maioria dos cemitérios
nacionais. Confiamos, porém, que as autarquias e entidades que os tutelam saberão
interpretar as exigências do bem comum encontrando um justo, mas difícil equilíbrio entre os imperativos de proteger a saúde pública e o respeito pelos direitos dos cidadãos”, lê-se.
“Porque não se adoece apenas de Covid-19. A impossibilidade de exprimir de forma sensível e concreta saudades e afetos também é causa de sofrimento e de doença, por vezes grave e até mortal.”
Embora o dia dos Fiéis Defuntos, em que se recordam todos os mortos cristãos, seja apenas a 2 de novembro, o facto de ser normalmente um dia laboral leva a que muitas pessoas aproveitem o dia 1, feriado de Todos os Santos, para visitar os cemitérios, pelo que as duas datas acabaram, na prática por se confundir.
Neste ano em particular os bispos recordam que muitas famílias tiveram de enterrar os seus mortos de uma forma inusitada, devido às regras de saúde, com pouco ou nenhum acompanhamento.
“Dado o estado atual da pandemia, é sensato que se imponham medidas suplementares de proteção, como a obrigatoriedade do uso de máscaras e o controlo do número de visitantes, em simultâneo, estabelecendo um limite máximo, conforme a dimensão dos espaços. Mas não seria apropriado o encerramento completo dos cemitérios.”
“Tenha-se em conta que a emergência sanitária já dura desde março e que muitas famílias enlutadas neste período nem sequer puderam acompanhar adequadamente os seus entes queridos em exéquias muitas vezes celebradas, como diz o Papa Francisco, de um modo que fere a alma”, dizem.
Da parte da Igreja, afirma a CEP, recomenda-se o reforço dos horários das missas no dia 2 de novembro para evitar aglomerações nas igrejas.
Os bispos concluem a nota dizendo que no dia 14 de novembro será celebrada, em Fátima, uma missa de sufrágio por todas as vítimas de Covid-19. A celebração será às 11h.