16 out, 2020 - 14:28 • Olímpia Mairos
A Companhia de Jesus exige a libertação imediata do padre Stan Swamy, de 83 anos, preso na Índia, por defender os direitos dos povos indígenas.
O padre jesuíta, defensor dos direitos humanos, foi preso sob custódia da autoridade antiterrorista da Índia, a National Investigation Agency (NIA), por alegadas ligações maoístas, mas diz-se inocente destas acusações.
A detenção teve lugar a 8 de outubro, na residência da Companhia de Jesus, situada na periferia de Ranchi, localidade do Estado de Jharkhand, que fica na zona oriental da Índia.
De acordo com os jesuítas, o sacerdote apresenta atualmente “um estado de saúde de enorme debilidade”, tendo, ao longo de cinquenta anos, “trabalhado incansavelmente em favor de grupos de marginalizados, nomeadamente contra as expropriações injustas que têm atingido a comunidade Adivasis, povo indígena do Estado de Jharkhand”.
Na carta aberta datada de 9 de outubro, o presidente da Conferência Jesuíta da Ásia do Sul, padre George Pattery, sj, afirma que ficaram “chocados e consternados” ao tomarem conhecimento de que o padre Stan Swamy, sj, “que tem trabalhado toda a sua vida pela dignificação dos oprimidos e de outras pessoas vulneráveis, foi detido sob a custódia NIA” e pede a “libertação imediata” do sacerdote.
O responsável pelo Secretariado de Justiça Social e Ecologia da Companhia de Jesus a nível mundial, padre Xavier Jeyaraj, sj também expressou, a partir de Roma, a sua solidariedade para com este jesuíta com quem trabalhou ao longo de vários anos.
“Como jesuítas envolvidos em obras de educação, cuidando e defendendo os direitos dos mais pobres e vulneráveis em diversas partes do mundo, manifestamo-nos solidários com o padre Stan e com os outros defensores dos direitos humanos na Índia, condenando a sua prisão e exigindo a sua libertação imediata. Apelamos às autoridades que se abstenham de detenções arbitrárias de cidadãos inocentes e cumpridores da lei”, escreve.
De acordo com o padre Xavier Jeyaraj, sj, que tem acompanhado de perto a situação, o jesuíta agora preso “foi forçado a dormir no chão, desde a data da sua detenção a 8 de outubro, até ao dia 14”.
“Está também sob quarentena, tendo apenas a possibilidade de contactar com o exterior através de uma chamada telefónica por semana e não se tendo ainda encontrado com os seus advogados”, denuncia o padre Jeyaraj, sublinhando “o caráter pacifista e de apologista da não violência do padre Swamy.
Num comunicado de imprensa datado de 9 de outubro, a Conferência Episcopal da Índia fez um forte apelo às autoridades competentes para que “libertem imediatamente o padre Stan Swamy, permitindo-lhe que regresse à sua comunidade”.
Por iniciativa da Conferência Jesuíta da Ásia do Sul, realizou-se a 12 de outubro o Dia Nacional de Solidariedade para com o padre Stan, estando também previstas várias formas de manifestação e oração em diversas partes do mundo.
Uma petição, pedindo a libertação do padre Stan, já recolheu mais de 52.000 assinaturas, entre as quais se encontra a do Provincial dos Jesuítas em Portugal, padre Miguel Almeida.
Os jesuítas asseguram que continuarão a mobilizar apoios em diversas partes do mundo, para expressar a sua solidariedade para com padre Stan Swamy, pedindo a sua libertação imediata.