13 nov, 2020 - 16:34 • Filipe d'Avillez
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Os bispos da Igreja Católica Portuguesa pedem aos fiéis que evitem comportamentos de risco depois de celebrações religiosas, nomeadamente casamentos e batizados, numa altura em que Portugal atravessa o pior momento da pandemia de Covid-19 e em que se sabe que um dos grandes fatores de contágio são os encontros familiares.
Numa nota pastoral divulgada esta sexta-feira, depois da reunião plenária da Conferência Episcopal, em Fátima, pede-se respeito pelas orientações das autoridades políticas e de saúde.
“Dada a gravidade da situação, apelamos a todos para que adotem comportamentos responsáveis nos mais diversos setores da sua vida e atividade e respeitem as determinações das autoridades constituídas, com o objetivo de travar e controlar a vaga de contágios. Em particular, este comportamento responsável deve ser vivido após as celebrações litúrgicas mais festivas (Batizados, Comunhões, Crismas e Casamentos), evitando sempre as concentrações fora das igrejas e nas próprias casas”, escrevem os bispos.
A Conferência Episcopal já tinha feito saber que as restrições à circulação impostas pelo Governo apanharam a Igreja de surpresa, uma vez que o recolher obrigatório a partir das 13h de sábado e domingo dificulta muito a ida à missa das famílias, uma vez que muitas celebrações têm lugar sábado e domingo à tarde e dificilmente todos os interessados podem caber nas igrejas no domingo de manhã, respeitando os limites de lotação nas igrejas por causa da pandemia.
Durante a semana alguns padres pediram então aos seus bispos que autorizassem que as missas de sábado de manhã pudessem servir de missa dominical, mas a CEP diz agora que isso não é possível. “Segundo a lei litúrgica, a celebração do Domingo começa com as primeiras vésperas. A lei canónica alargou o tempo útil para a participação na Missa de preceito para a tarde precedente. Trata-se de uma lei geral da Igreja que só pode ser alterada pela Sé Apostólica.”
Todavia, dizem os bispos, tal não livra os católicos do seu dever de santificar o domingo. “A impossibilidade de cumprir o preceito dominical não dispensa ninguém – nem mesmo quem não pode ou não deve sair de casa por motivos alheios à sua vontade – de cumprir o mandamento divino de santificar o dia do Senhor.”
A nota pastoral elenca, depois, as várias formas como isso pode ser feito: “vivendo na alegria espiritual o dia da ressurreição do Senhor Jesus: participar na Eucaristia no sábado ou noutro dia da semana; realizar com amor os serviços da convivência familiar, sem descurar o conveniente repouso do corpo e do espírito; dedicar um tempo razoável à oração pessoal e, se possível, em família, com a leitura da Sagrada Escritura e outros exercícios de piedade; unir-se espiritualmente, se possível, a alguma celebração eucarística transmitida pela rádio, televisão ou internet; estabelecer contacto, pelos meios disponíveis, com familiares, amigos e conhecidos, privilegiando os que mais sofrem a doença ou a solidão; estar solidariamente atentos às necessidades e alegrias dos vizinhos.”
Os bispos deixam ainda um pedido a todos os catequistas para que tentem manter-se em contacto com as crianças que deixarão de poder ver presencialmente, se for esse o caso, e de privilegiarem o envolvimento dos pais, pois “sem este envolvimento da família, a catequese por meios digitais será uma ilusão.”