19 nov, 2020 - 14:55 • Olímpia Mairos
“Correio da Esperança”. É uma iniciativa da Pastoral Penitenciária da Arquidiocese de Braga, que visa aproximar as pessoas da sociedade civil às pessoas privadas de liberdade, que se encontram nos Estabelecimentos Prisionais de Braga e Guimarães.
O projeto consiste em fomentar a correspondência escrita entre a sociedade civil e os reclusos, por altura da época natalícia.
“Escrever aos reclusos é um importante ato de solidariedade e assume um valor terapêutico autêntico, pois ajuda a quebrar o isolamento que existe na prisão. Ajuda a ‘saltar’ para lá dos corredores longos e quadrados, do barulho das chaves e do som das portas de ferro que se abrem e fecham inúmeras vezes ao dia”, declara o padre João Torres.
O coordenador da Pastoral Penitenciária de Braga explica que, para um recluso, receber uma carta, representa um “pedaço de liberdade” que contribui para fazer da prisão “um lugar onde se pode permanecer humano. Pois, por detrás de todo aquele barulho metálico e gritos confusos, naquelas celas, também há rostos, histórias, pessoas”.
O sacerdote lembra que a Igreja não é indiferente ao sofrimento daqueles que estão privados de liberdade, mas “tenta ser uma porta aberta, onde se possa encontrar a esperança e a paz de Cristo”.
“O ideal é que não houvesse prisões nem crimes que exigissem prisões, mas se elas existem, que sejam lugares onde não falte nada que expresse o cuidado integral com as vidas que estão lá”, assinala.
Segundo o padre João Torres, a verdadeira mudança do sistema prisional só pode ocorrer com a consciencialização das pessoas, dentro e fora da prisão, por meio da sensibilização para o drama da reclusão.
“Tornar mais humano aquele espaço recalcado e opressor não é simplesmente uma tarefa de almas belas e amáveis, mas um compromisso necessário que deveria envolver toda a sociedade, de um modo especial as comunidades cristãs”, defende.
O projeto “Correio da Esperança” já tem seis anos e desenvolve-se nos Estabelecimentos Prisionais de Braga e Guimarães. E nos últimos anos, segundo o padre João Torres, têm participado muitas pessoas, nomeadamente grupos de jovens, catequistas, catequizandos do 9º e 10º ano e alunos de escolas secundárias.
Por altura do Natal são distribuídas mais de 200 cartas ou postais aos reclusos na noite de consoada.
“É um momento de partilha também para eles, pois muitos leem as cartas ou postais uns dos outros. Há também alguns reclusos que respondem às palavras que lhes foram dirigidas”, conclui o sacerdote.
Toda a articulação deste trabalho é da responsabilidade do departamento da Pastoral Social e Mobilidade Humana da Arquidiocese de Braga, que mantém o anonimato quer de quem escreve quer de quem lê.
Assim, na carta ou no postal não poderá existir nenhuma informação pessoal, como morada, nome completo, dados pessoais ou familiares que possa identificar a pessoa. Deve conter apenas o primeiro e/ou segundo nome da pessoa.
Os postais ou cartas, destinados aos reclusos devem ser enviados até ao dia 18 de dezembro, para: Correio da Esperança, Casa do Abade de Priscos, Largo Pe. Artur Lopes dos Santos, 4705-562 Priscos – Braga.