25 nov, 2020 - 19:53 • Filipe d'Avillez
Uma universidade inglesa aceitou indemnizar uma aluna depois de esta ter sido suspensa e investigada durante quatro meses por causa da sua militância pró-vida.
Julia Rynkiewicz foi suspensa do curso de parteira que estava a frequentar na Universidade de Nottingham e sujeita a uma investigação que durou quatro meses, depois de ter vindo a público que era presidente da associação Estudantes de Nottingham Pela Vida, que se opõe ao aborto.
A própria associação já esteve no centro de uma polémica por ter sido recusada a sua filiação na União de Estudantes, aquando da sua criação. A União de Estudantes agrupa todos os clubes e associações estudantis e sem esta filiação não é possível aos alunos aceder a espaços e fundos universitários e só reverteu a sua proibição depois da associação pró-vida ter ameaçado com um processo.
A posterior suspensão de Rynkiewicz, de 24 anos, foi vista pelos movimento pró-vida como mais um caso de perseguição por causa das crenças e valores dos alunos. No final, contudo, a Universidade foi obrigada a admitir que a suspensão não tinha bases e propôs à aluna o pagamento de uma indemnização, que ela aceitou.
“A minha vida esteve suspensa por causa de uma investigação injusta, o que foi muito difícil tanto mentalmente como emocionalmente. A indemnização é uma prova de que a universidade me tratou mal e embora eu esteja feliz por poder prosseguir com a minha vida, espero que isto signifique que mais nenhum aluno tenha de passar pela mesma experiência”, disse a aluna.
“Aquilo que se passou arrisca criar um ambiente de medo que impede os alunos de discutir os seus valores e as suas crenças, quando uma universidade deve ser precisamente o espaço em que isso se faz”, concluiu.
Liberdade Religiosa na Europa
A liberdade de consciência é um direito humano fun(...)
A notícia da indemnização surge dias depois de ter sido divulgada uma sondagem que demonstra que quase metade dos alunos universitários britânicos praticam alguma forma de autocensura com medo de serem “tratados de forma diferente” caso verbalizassem as suas verdadeiras posições.
A sondagem, encomendada pela organização jurídica Alliance Defending Freedom, que presta apoio jurídico em casos de liberdade religiosa e de expressão, é vista como prova de que existem graves falhas nas universidades ao nível de liberdade de expressão.
O estudo mostra que perto de 40% dos alunos concorda com expressões como “Sinto que se expressasse pontos de vista sobre assuntos que para mim são importantes enquanto estiver na universidade, isso poderia afetar negativamente a minha carreira” e “tenho pontos de vista que são legais de expressar, mas que a minha universidade, união de estudantes ou pares consideraram inaceitáveis”.