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Papa pede a juízes africanos e americanos para pensarem como povo e não como elite

30 nov, 2020 - 19:37 • Filipe d'Avillez

Francisco apontou aos juízes africanos e americanos, reunidos num encontro sobre a Justiça Social, os cinco caminhos para a alcançar.

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O Papa pediu esta segunda-feira aos juízes africanos para não se entenderem como parte de uma elite, mas sim como parte do povo para quem trabalham.

Numa vídeo-mensagem gravada para a Conferência Internacional de Juízes Membros das Comissões para os Direitos Sociais de África e da América, Francisco apontou vários caminhos de reflexão e interpretação da realidade.

Francisco quer ver os juízes verdadeiramente comprometidos com as pessoas que servem. “É muito difícil poder construir a justiça social sem nos basearmos no povo. Ou seja, a história leva-nos ao povo, aos povos. Será uma tarefa muito mais fácil se incorporarmos o desejo gratuito, puro e simples de querer ser povo, sem pretender ser elite ilustrada, mas sim povo, sendo constantes e incansáveis no esforço de incluir, integrar e levantar o caído.”

“Desde o Evangelho o que Deus nos pede que sejamos povo de Deus, não elite de Deus. Porque os que seguem o caminho de ‘elite de Deus’ acabam nos já conhecidos clericalismos elitistas que, por aí, trabalham para o povo, mas nunca com o povo, sem se sentirem povo”, diz Francisco.

Na sua mensagem o Papa começa por pedir que os juízes nunca esqueçam a realidade, isto é, “que uma pequena parte da humanidade vive na opulência, enquanto que uma quantidade cada vez maior quase desconhece a dignidade e vê serem-lhe ignorados os direitos mais elementares.”

Para que isto seja corrigido é necessário que os construtores da justiça sejam também eles justos, explica Francisco. “Justos os que fazem justiça. Justos sabendo que, quando resolvemos as coisas pelo direito estamos a dar aos pobres aquilo que lhes é indispensável, não lhes estamos a dar as nossas coisas, nem as de terceiros, mas antes estamos a devolver-lhes o que é seu. Perdemos muitas vezes esta ideia de devolver o que lhes pertence”.

Neste sentido o Papa recorda algo que foi sublinhado na recente encíclica Fratelli Tutti, e que consta da doutrina social da Igreja desde sempre. “O direito à propriedade é um direito natural secundário, derivado do direito que assiste a todos, nascido do destino universal dos bens criados. Não há justiça social que possa cimentar-se na iniquidade, que supõe a concentração da riqueza”.

A Conferência Internacional de Juízes Membros das Comissões para os Direitos Sociais de África e da América começou esta segunda-feira e termina na terça-feira, dia 1 de dezembro.

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