03 dez, 2020 - 18:15 • Ana Lisboa
A Comissão Nacional Justiça e Paz "vem juntar-se a todos os que têm alertado para a dramática situação" que se vive na província de cabo delgado, no norte de Moçambique, "a que ninguém pode ficar indiferente", refere um comunicado intitulado "Ouvir o Grito do povo de Cabo Delgado".
Em seu entender, "é notório é que um drama desta amplitude não tem recebido a atenção que lhe é devida. Assistimos a muitas e fortes reações de indignação sempre que atentados terroristas atingem a Europa. Os atentados que hoje atingem esta região do norte de Moçambique são de uma gravidade extrema, equivalente à dos atentados terroristas que têm atingido a Europa multiplicada por cem ou por mil. Mas não têm recebido uma atenção sequer comparável a estes", acusa este organismo.
A nota sublinha que "não se ignora que os ataques se fazem em nome do autoproclamado Estado Islâmico. Entre as vítimas, estão cristãos, mas também muçulmanos. Estes considerar-se-ão profundamente ofendidos pela instrumentalização da sua fé como pretexto para tais ataques. Não está em causa a divisão entre cristãos e muçulmanos, mas entre uma ideologia bárbara e mortífera e o povo inocente e pacífico".
Por isso, a Comissão Nacional Justiça e Paz faz um apelo dirigido "aos governos de Moçambique e de Portugal, à União Europeia e às Nações Unidas para que se encontrem as formas mais adequadas de defesa das populações vítimas destes ataques. E dirigimo-nos também a todos os portugueses e portuguesas para que, na medida das suas possibilidades, contribuam para a urgente ajuda humanitária em favor dessas populações. Salientamos, a este respeito, entre outras, as campanhas organizadas pela Cáritas Portuguesa e pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre".
Recorde-se, que há mais de 500 mil pessoas deslocadas e "calculam-se em mais de duas mil as vítimas mortais" devido aos ataques perpetrados pelo Estado Islâmico naquela região de Moçambique.
Este organismo da Igreja Católica afirma ainda que "há notícia da destruição sistemática de habitações e estruturas missionárias de apoio à população".
O comunicado termina com um pedido "Que o grito do povo de Cabo Delgado seja ouvido e não se depare com a indiferença!"