03 dez, 2020 - 12:56 • Aura Miguel
O Papa manifesta “proximidade a quantos atravessam situações particularmente difíceis nesta crise pandémica” e recorda que “estamos todos no mesmo barco, no meio dum mar agitado que nos pode atemorizar; mas, neste barco, há alguns, como as pessoas com deficiências graves, que têm de lutar mais".
Numa mensagem para Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, que se assinala esta quinta-feira, Francisco alerta para “a ameaça da cultura do descarte”, que “afeta sobretudo as categorias mais frágeis, entre as quais se contam as pessoas com deficiência” e denuncia que, apesar da crescente sensibilização para a dignidade de cada um, ainda persistem “atitudes de rejeição que, por causa também duma mentalidade narcisista e utilitarista, conduzem à marginalização, sem considerar que, inevitavelmente, a fragilidade é de todos.” E que “há pessoas até com deficiências graves que encontraram, embora com dificuldade, a estrada duma vida boa e significativa, tal como existem muitas outras «normalmente dotadas» que todavia vivem insatisfeitas senão mesmo desesperadas.”
Preocupado com os efeitos da pandemia e “as disparidades e desigualdades que caraterizam o nosso tempo, com particular detrimento dos mais frágeis”, Francisco reconhece que “o vírus, sem excluir ninguém, encontrou grandes desigualdades e discriminações no seu caminho devastador. E aumentou-as!”. Por isso, defende que “a inclusão deveria ser a «rocha» sobre a qual construir os programas e iniciativas das instituições civis, para que ninguém, especialmente quem enfrenta maior dificuldade, fique excluído”.
O Papa encoraja os sacerdotes, seminaristas, religiosos, catequistas e agentes pastorais a reforçarem a formação “sobre a relação com a deficiência e o uso de instrumentos pastorais inclusivos” e pede às comunidades paroquiais que se empenhem em “ fazer crescer, nos fiéis, o estilo acolhedor das pessoas com deficiência”, não só com a eliminação das barreiras arquitectónicas, mas sobretudo com “atitudes e ações de solidariedade e serviço, por parte dos paroquianos, para com as pessoas com deficiência e suas famílias. O objetivo é chegarmos a superar a subdivisão «eles», para existir apenas o «nós».” Sem esquecer “o direito de as pessoas com deficiência a receberem os Sacramentos como todos os outros membros da Igreja”.
O Papa não duvida que "a participação ativa na catequese das pessoas com deficiência constitui uma grande riqueza para a vida de toda a paróquia”, bem como “a presença entre os catequistas de pessoas com deficiência, de acordo com as suas próprias capacidades, representa um recurso para a comunidade".