17 dez, 2020 - 16:38 • Rosário Silva
No ano em que a pandemia “desmascarou a nossa vulnerabilidade e desnudou as falsas e supérfluas seguranças”, o Arcebispo de Évora apela aos cristãos que vivam o Natal com esperança, apesar das circunstâncias.
“A pandemia, que nos trouxe a obrigatoriedade do uso de máscaras, desmascarou a nossa vulnerabilidade e desnudou as falsas e supérfluas seguranças com que íamos preenchendo as nossas agendas, ocupando os nossos calendários, construindo os nossos projetos, os nossos hábitos e costumes”, escreve, D. Francisco Senra Coelho.
Para o arcebispo, se “nos deixámos, afinal, adormecer e abandonámos aquilo que nos alimenta, sustém e dá força à nossa vida, à vida da nossa família e das nossas comunidades”, é necessário recomeçar.
“No Ano Laudato Si (2021), reiniciar a vida, vai exigir de nós todos, isto se não quisermos voltar a ouvir e a escutar o grito da terra e dos pobres, entrarmos num 'processo fraterno de regeneração' até assumirmos a nossa corresponsabilidade fraterna com todas as criaturas”, afirma o prelado, consciente de que muitos ainda estão à procura de “chão firme, para reiniciar, em segurança uma vida que foi abalada até aos seus alicerces, os seus fundamentos e a sua raiz.”
Por isso mesmo, como forma de alento e convite, na sua mensagem de Natal, D. Francisco Senra Coelho recorre ao Papa e à sua referência a Viktor Frankl, fundador da Escola de Logoterapia, que propõe: “Quando já não somos capazes de mudar uma situação, estamos perante o desafio de nos mudarmos a nós mesmos.”
Lembrando que a “Arquidiocese assume o desafio de permanecermos mesmo nos momentos áridos de deserto, como Discípulos Missionários da Esperança”, o arcebispo reza para que, através de Deus, seja possível encontrar paz.
“A Paz que só é possível, quando brota das entranhas mais profundas do coração humano, porque aí chegou a Luz de Cristo, o Natal. Então haverá Paz nos indivíduos, nas famílias, nas comunidades, nas sociedades e no mundo”, lê-se na missiva enviada à Renascença.
O arcebispo de Évora recorda ainda que, na História da Igreja, foi São Francisco de Assis que no Natal de 1223, há 797 anos, formou o primeiro presépio com figuras autónomas”, com o objetivo, segundo se pensa, de “nos aproximar mais da verdadeira Humanidade de Jesus, o Verbo Encarnado, feito pobre com os pobres”.
Um exemplo para os cristãos, acrescenta o Pastor da diocese alentejana, convidados a celebrar o Natal 2020, como sendo a “Festa das Festas”, tal como lhe chamou este Santo de Assis, uma vez que foi “neste mistério que se iniciaram as manifestações do Emanuel e a plenitude da beleza do Rosto Misericordioso do Pai revelado pelo Filho, com o Espírito Santo.”