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Natal

“O Filho de Deus nasceu descartado para nos dizer que todo o descartado é filho de Deus”

24 dez, 2020 - 18:13 • Filipe d'Avillez

Numa missa celebrada quase sem a presença de fiéis, no Vaticano, Francisco refletiu sobre as condições em que Jesus nasceu. “Deus está numa manjedoura, como se nos quisesse lembrar que, para viver, precisamos d’Ele como de pão para a boca”.

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O Papa Francisco disse esta quinta-feira que Jesus nasceu numa situação de pobreza extrema para se poder identificar com toda a humanidade.

Na missa de Natal, celebrada este ano praticamente sem a presença de fiéis, o Papa refletiu sobre as condições em que nasceu Jesus.

“Porque veio Ele à luz durante a noite, sem um alojamento digno, na pobreza e enjeitado, quando merecia nascer como o maior rei no mais lindo dos palácios? Porquê? Para nos fazer compreender até onde chega o seu amor pela nossa condição humana: até tocar com o seu amor concreto a nossa pior miséria. O Filho de Deus nasceu descartado para nos dizer que todo o descartado é filho de Deus.”

“Veio ao mundo como vem ao mundo uma criança débil e frágil, para podermos acolher com ternura as nossas fraquezas. E para nos fazer descobrir uma coisa importante: como em Belém, também connosco Deus gosta de fazer grandes coisas através das nossas pobrezas”, disse Francisco, na sua homilia.

O Papa acrescentou ainda outra leitura do facto de os Evangelhos dizerem que o Menino Jesus nasceu numa manjedoura. “Deus está numa manjedoura, como se nos quisesse lembrar que, para viver, precisamos d’Ele como de pão para a boca. Precisamos de nos deixar permear pelo seu amor gratuito, incansável, concreto. Mas quantas vezes, famintos de divertimento, sucesso e mundanidade, nutrimos a vida com alimentos que não saciam e deixam o vazio dentro!”

A certeza de que somos todos filhos muito amados por Deus é, considera o Papa, o fundamento da nossa esperança. “Este é o coração indestrutível da nossa esperança, o núcleo incandescente que sustenta a existência: por baixo das nossas qualidades e defeitos, mais forte do que as feridas e fracassos do passado, os temores e ansiedades face ao futuro, está esta verdade: somos filhos amados. E o amor de Deus por nós não depende nem dependerá jamais de nós: é amor gratuito, pura graça. Esta noite ‘manifestou-se’, disse-nos São Paulo, ‘a graça de Deus’. Nada é mais precioso!”

Durante a sua reflexão o Papa sublinhou a quantidade de vezes que os evangelhos dizem que Jesus nasceu “para” a humanidade e comparou a alegria daquele momento ao nascimento de um filho.

“Um filho faz-nos sentir amados, mas ensina também a amar. Deus nasceu menino para nos impelir a cuidar dos outros. Os seus ternos gemidos fazem-nos compreender como tantos dos nossos caprichos são inúteis. O seu amor desarmado e desarmante lembra-nos que o tempo de que dispomos não serve para nos lamentarmos, mas para consolar as lágrimas de quem sofre. Deus vem habitar perto de nós, pobre e necessitado, para nos dizer que, servindo aos pobres, amá-Lo-emos a Ele”, concluiu o Papa.

A celebração da noite de Natal deste ano realizou-se na presença de cerca de uma centena de convidados. A maioria dos fiéis não pôde estar presente por causa das limitações impostas pelo combate à pandemia de Covid-19 que continua a afetar todo o mundo, mas com particular dureza a Itália.

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