27 dez, 2020 - 13:38 • Ana Lisboa
A partir deste domingo e até ao primeiro dia do Ano Novo, vai decorrer mais um Encontro Europeu de Jovens em Taizé.
Pela primeira vez em 43 anos, desde que se realiza este evento, todo o programa será transmitido online, em virtude do contexto de pandemia. Irá, assim, "permitir a participação de jovens de todo o mundo nas orações comunitárias, ateliês e meditações bíblicas".
Além da participação online individual, os monges incentivam a que se reúnam localmente algumas pessoas, para participarem juntos no encontro internacional. Apresenta várias possibilidades, como escolher "um local para passar os cinco dias juntos", reunirem-se "durante o dia, ficando em casa" ou encontrar-se "apenas por um dia".
Em diferentes cidades portuguesas, "vários pequenos grupos de jovens vão reunir-se nas suas paróquias para viver localmente este encontro europeu", refere um comunicado.
O encontro começa neste dia 27 de dezembro com a oração da noite, em direto da Igreja da Reconciliação em Taizé, às 18h45 (menos uma hora em Lisboa).
O tema deste ano é "Manter a esperança em tempo propício e fora dele". Foi escrita pelo Irmão Alois.
Perante a atual situação de pandemia, o prior da Comunidade de Taizé apela a que se viva a fraternidade e a partilha. Admite que a alegria se renova "quando vivemos a fraternidade, quando estamos perto dos mais necessitados".
E acrescenta que "as circunstâncias da vida podem tornar-nos vulneráveis", como é o caso desta pandemia que "revela as fraquezas da nossa humanidade".
Reconhece que é no meio das dificuldades que "é possível perceber motivos de esperança e, às vezes, até de esperança contra toda a esperança".
Diz o Irmão Alois que, "mais do que nunca, precisamos uns dos outros". E recorda o Papa Francisco que, na sua Encíclica “Fratelli Tutti”, diz mesmo que “ninguém se salva sozinho”.
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Nesta sua mensagem para 2021, que tem cinco pontos, o prior de Taizé sublinha que se assiste, neste tempo de pandemia, a "um aumento de precariedade em vastas regiões do mundo" e que são "necessárias decisões políticas corajosas", mas que a "solidariedade e a amizade são igualmente essenciais".
Noutro item da sua nota, fala no facto de os jovens se questionarem acerca da sua fé. E diz que, "onde quer que estejamos na nossa peregrinação interior, frequentemente estamos a tatear no nosso caminho".
Por isso, aconselha a que se tornem "peregrinos de confiança", porque só assim "é possível caminharmos juntos, partilharmos a nossa procura: as nossas questões e também as nossas convicções".
É importante "discernir um novo horizonte", defende o Irmão Alois num outro ponto abordado nesta mensagem.
Em seu entender, "a partir deste horizonte revelado pela Ressurreição de Cristo, uma luz entra nas nossas vidas" e "faz brilhar a alegria do louvor".
Termina com um convite. "Deixemos que Cristo renove o nosso olhar: através dele reconhecemos mais claramente a dignidade de cada ser humano e a beleza da criação". E salienta que "a esperança nasce e renasce, porque se enraíza em Cristo".
Milhares de jovens portugueses costumavam participar no Encontro Europeu de Jovens em Taizé. Um deles, Pedro Viterbo, chegou a ir a Taizé durante 13 anos.
Tinha apenas 12 anos quando foi pela primeira vez e, a partir daí, a sua vida mudou.
Das experiências que vivenciou nestes encontros, Pedro Viterbo considera que não é a mesma coisa ser online, porque não há o contacto próximo, é tudo mais distante.
É "uma coisa muito estranha, porque o encontro de Taizé é algo vivido bastante intensamente com a família que nos acolhe, com toda a participação, com os workshops, com tudo aquilo que fazemos lá e com tudo o que conseguimos sentir quando a família nos recebe".
Em seu entender, "é algo que é realmente sentido unicamente quando o encontro é ao vivo e a cores e não online".
ENCONTRO DE TAIZÉ EM BRESLÁVIA
Marcin Zatyka, correspondente da agência de notíci(...)
Para Pedro Viterbo, "pela internet não é de todo o mesmo espírito quando estamos a participar presencialmente".
Sobre a sua participação em Taizé durante mais de 10 anos, diz que mudou a sua vida, porque foi muito marcante. "Fez com que crescesse, com que abrisse horizontes". E, além disso, "mudou-me muito enquanto pessoa. Consigo ter uma perspetiva completamente diferente daquilo que tinha”.
Por isso, costuma dizer que "há um Pedro antes de Taizé e um Pedro depois de Taizé". Diz mesmo que "é algo que ficou marcado, é algo que é quase inexplicável aquilo que se sente, o que se vivencia nestes encontros".
Pedro Viterbo admite que "o que marca é que conseguimos ter uma experiência muito forte pessoal" e "conseguimos ter algo bastante significativo para a nossa vida".