05 jan, 2021 - 18:16 • Filipe d'Avillez
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A Igreja Ortodoxa da Grécia ordenou a abertura dos lugares de culto em todo o país, desafiando assim as ordens de confinamento decretadas pelo Governo de Atenas.
A decisão foi tomada depois de uma reunião de emergência do sínodo da Igreja, que não concorda com as medidas governamentais.
“O sínodo não concorda com as novas medidas do Governo sobre a operação de locais de culto e insiste naquilo que foi acordado originalmente com o Estado”, diz a Igreja, através de um comunicado.
“Pede-se que a decisão acima referida seja absolutamente respeitada pelo Estado, sem mais demoras, tendo em cona que todas as medidas de higiene têm sido aplicadas pelos clérigos em milhares de igrejas por toda a Grécia”, afirma.
Os responsáveis pela Igreja Grega estão assim decididos a assinalar a Epifania, a celebração do batismo de Cristo, na quarta-feira, dia 6 de janeiro.
O acordo a que se refere o sínodo foi firmado antes da época de Natal. O Governo grego disse então que iria relaxar as limitações à operação de todos os locais de culto, permitindo a realização de celebrações nos dias de Natal, de Ano Novo e de Epifania. Contudo, o surto de casos de Covid-19 levou agora o Executivo a retroceder, dizendo que as restrições se voltariam a impor por forma a possibilitar a reabertura das escolas no dia 11 de janeiro.
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Esta terça-feira o Governo grego pediu, através do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, à Igreja que “dê o exemplo” e que insistiu na necessidade do “respeito estrito das medidas sanitárias para todos".
A Igreja Ortodoxa da Grécia tem muito poder e influência naquele país e este é apenas mais um braço de ferro entre os clérigos e o Governo, contudo, é também mais um numa longa lista de sinais de ceticismo por parte de elementos das Igrejas Ortodoxas em relação à pandemia em geral.
As autoridades eclesiais recusaram sempre dissuadir a comunhão, que segundo tradição ortodoxa se administra utilizando uma colher com a qual o corpo e o sangue de Cristo são depositados na boca de cada fiel, com alguns a chegar ao ponto de dizer que é impossível o sacramento ser veículo de transmissão da doença.
Noutros países ortodoxos a situação chegou a atingir outra gravidade. O Patriarca da Igreja Ortodoxa da Sérvia morreu depois de ter contraído Covid-19 no funeral do líder do ramo da mesma igreja no Montenegro, que também morreu de Covid. Ambos os funerais realizaram-se com a presença de centenas de milhares de fiéis, muitos sem máscara, e com vários a cumprir a tradição de beijar os cadáveres dos clérigos, que estavam em caixão aberto.
Os arcebispos de Atenas e de Tirana, respetivamente líderes das Igrejas Ortodoxas da Albânia e da Grécia, também ficaram infetados, mas conseguiram recuperar.