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Arcebispo de Braga deteta "nova forma de pobreza constituída por casais jovens"

09 fev, 2021 - 18:00 • Henrique Cunha

D. Jorge Ortiga diz que há "pessoas ameaçadas de despejo” que estão a recorrer à Caritas e às paróquias para “não se tornarem pessoas sem-abrigo”.

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O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, revela a existência de um “aumento de pedidos para pagamento de rendas” de pessoas que “deixaram de trabalhar por causa da pandemia”.

D. Jorge Ortiga diz à Renascença que a situação social se tem vindo a agravar por causa do desemprego, que, em muitos casos, atinge famílias inteiras.

O arcebispo fala de uma nova categoria de pobreza, constituída sobretudo por casais jovens. “Nós temos no nosso programa pastoral a indicação para estar atentos a novas formas de pobreza. E parece-me que está aí patente na sociedade uma nova forma de pobreza que é constituída pelos casais relativamente jovens, que estavam devidamente estabelecidos na sua vida, com o seu trabalho, com os seus sonhos com os seus projetos.”

“De um momento para o outro - quer um quer outro - ficaram sem trabalho, às vezes ligados a pequenos negócios familiares, alguns ligados ao turismo ou à restauração, e que agora se encontram numa situação onde lhes falta essencialmente o indispensável”, exemplifica D. Jorge.


O arcebispo de Braga revela que “as pessoas são ameaçadas de despejo” e que estão a recorrer à Caritas e às paróquias para “não se tornarem pessoas sem-abrigo”.

D. Jorge fala de “um problema que é tradicional e que está a sentir-se com mais acuidade, que é a questão das rendas”.

“Se as pessoas não recebem, não têm possibilidade de pagar as rendas de suas casas, e os caseiros ameaçam com o facto de ficarem sem a casa”, relata o arcebispo, ao mesmo tempo que revela que “o recurso é recorrer à Caritas, recorrer às paróquias, recorrer a qualquer pessoas para que possam não sair de sua casa, para que não passem a sem pessoas sem-abrigo".

D. Jorge Ortiga considera muito importante “tomar consciência do que está a acontecer e responsabilizar as entidades oficiais” como primeiros responsáveis pela resolução dos problemas.

“Não vou alarmar, não estamos em tempos de alarmismos, mas, antes pelo contrário, é uma oportunidade para tomarmos consciência daquilo que nós devemos fazer, e como devemos agir”, sublinha.


Para o prelado, é importante estar atento porque dessa forma vamos “resolvendo aquilo que podemos resolver, procurando responsabilizar as entidades oficiais porque também elas têm uma tarefa, são eles os primeiros responsáveis”.

D. Jorge considera importante “comprometer as nossas paroquias para primeiro responder aos problemas concretos e também para ir de encontro às causas para que essas causas não estejam também a gerar novas situações de pobreza”.

O arcebispo de Braga não nega algumas dificuldades e revela alguma falta de “suporte económico para responder às situações de carência” até porque a pandemia também está a afetar a frequência às eucaristias, “onde a Igreja vai angariando fundos para depois partilhar”.


D. Jorge recorda que, por exemplo, “na Quaresma, nós temos o chamado contributo penitencial, ou renuncia quaresmal que consiste na renúncia dos cristãos de alguma coisa que seja supérflua para poderem partilhar”.

"Os nossos cristãos sabem como isso se desenvolve, mas agora não vão às eucaristias, não tem oportunidade de pôr em comum aquilo que teriam muito gosto em o fazer, e como consequência não vamos ter um suporte económico para responder a algumas carências e a algumas necessidades que começam a ser prementes."

Estas declarações do arcebispo de Braga à Renascença foram feitas à margem de uma conferência de apresentação do espólio musical do padre Manuel Faria Borda, adquirido pela Arquidiocese a um alfarrabista de Esposende e que irá fazer parte do arquivo que a Arquidiocese se prepara para construir “logo que a pandemia o permita”.

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