09 fev, 2021 - 10:49 • Olímpia Mairos
O Haiti vive “uma situação de extrema dificuldade” e está “à beira da explosão”. O alerta é lançado pela conferência episcopal daquele país, que exorta todos os habitantes a “serem solidários uns com os outros, especialmente com aqueles que sofrem”.
Os bispos escrevem que “a vida diária da população é feita de mortes, assassinatos, impunidade, insegurança”, que têm causado descontentamento “em quase todas as partes do país”.
“Ninguém está acima da lei e da Constituição nacional”. Algumas questões como “estabelecer um conselho eleitoral provisório ou elaborar outra Constituição” só agravaram as tensões já existentes, levando o país a ser “totalmente inabitável”, denunciam.
A tudo isso, a CEH acrescenta o flagelo dos “sequestros contínuos” e uma grave “crise sociopolítica e económica, alimentada pelo veneno do ódio e da desconfiança”.
Os bispos do Haiti asseguram que “a Igreja está sempre do lado do direito, da verdade, da justiça e do respeito à vida e à dignidade humana” e propõem “um diálogo social e institucional, a fim de evitar consequências desastrosas”.
“A chave para tudo é o consenso”, reafirma a conferência episcopal, considerando que só desta forma se poderá “evitar que o Haiti se afunde ainda mais no abismo”.
O país vive uma “situação dramática”, desde outubro de 2019, altura em que a população saiu para as ruas em protesto contra o presidente Jovanel Moise, acusado de corrupção.
O clima de constante insegurança bloqueou as eleições programadas para janeiro de 2020, para renovar o Parlamento e levou o Governo a agir, através de decretos contínuos.
A situação piorou ainda mais com a chegada da pandemia de Covid-19, que causou quase 12.000 infetados e 245 mortes.
De acordo com a denúncia da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, a tudo isto acrescenta-se a “violência perpetrada por quadrilhas armadas, os chamados ‘esquadrões da morte’ que semeiam terror por toda a parte, num contexto de impunidade quase total".
O Haiti prepara-se agora para uma série de atos eleitorais. O primeiro já está marcado para dia 25 de abril e é um referendo à nova Constituição do país. Depois, seguem-se as eleições presidenciais e legislativas previstas para setembro e as eleições administrativas em novembro.