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​Padre português diz que “faltam vacinas e sobram armas” no Brasil de Bolsonaro

13 fev, 2021 - 20:05 • Henrique Cunha

O padre Alfredo Gonçalves aponta o casos de Manaus como um exemplo de "negligência no combate à pandemia” por parte do Presidente Jair Bolsonaro, que já comparou a Covid-19 a uma "gripezinha".

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O padre Alfredo Gonçalves, que estão há 50 anos no Brasil, diz à Renascença que as medidas do atual Governo liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro “geram morte em duas frentes”: falta de vacinas e negligência.

O sacerdote madeirense aponta a falta de vacinas e “a negligência no combate à pandemia”, de que Manaus é o exemplo mais gritante, onde “pela falta de vacinas e de oxigénio, assistimos estarrecidos à tragédia”.

“Em Manaus e outras cidades, a pandemia avança incontrolável e morre-se no hospital, morre-se na fila de espera e morre-se em casa”, denuncia o sacerdote.

O padre Alfredo Gonçalves adianta que “o problema da falta de oxigénio está a provocar o colapso em muitos hospitais de várias cidades da região Norte, e já foram deslocados mais de 500 doentes para outras cidades do país e existem mais de 500 pessoas na fila para um leito. A situação é caótica”, afirma.

Para o padre Alfredo, isto “significa que as medidas do atual Governo geram morte em duas frentes; pela falta de vacinas e pela negligência logística com o abastecimento de oxigénio”, o que provoca “a morte no hospital, na fila de espera e em casa”.

"Armar a população é uma política de morticínio"

De acordo com o missionário scalabriano, uma congregação que se dedica ao trabalho com as migrações, um levantamento feito pela “Globo”, em parceria com os institutos Igarapé e Sou da Paz, indicou que “o Brasil tem hoje um 1,150 milhões de armas legalizadas nas mãos dos cidadãos”; um número que “representa um aumento de 65% em relação ao arsenal registado pela Polícia Federal e pelo Exército em dezembro de 2018, antes da posse do Presidente Jair Bolsonaro”.

O padre Alfredo Gonçalves, assessor para a Mobilidade Humana da Conferência Episcopal Brasileira, adianta que “a flexibilização no acesso às armas de fogo por parte da população, em especial nas zonas urbanas, está a levar ao recrudescimento da violência”.

“Muitas dessas armas vão acabar na mão de milicianos do tráfico organizado que vai aumentar a outra violência como os roubos”, esclarece o sacerdote, para quem “armar a população não é política de segurança, mas de morticínio”.

O sacerdote, que também é vice-presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes, junta às suas preocupações a questão da desigualdade social.

O padre Alfredo afirma que “à pandemia e à violência das armas, junta-se agora a desigualdade social que se agravou com a pandemia e hoje está levando muita gente a uma morte mais trágica, a uma morte a conta gotas, a uma morte onde se vê as pessoas definhando”.

“Hoje, nós temos cerca de 70 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, ou seja, na miséria”, sublinha.

Demissão de Bolsonaro? Pedidos não devem sair da gaveta

Apesar dos “mais de 50 pedidos de impeachment que estão na câmara [dos Deputados]”, o padre Alfredo não acredita na destituição do Presidente Bolsonaro, porque “recentemente nas eleições para a Câmara e para o Senado ganharam os candidatos favoráveis ao Presidente da República e, então, a tendência é que esses pedidos continuem na gaveta, que esses pedidos não entrem em votação”.

O sacerdote lembra que alguns dos pedidos de destituição vieram “dos próprios parlamentares e outros surgiram de outras instituições - recentemente um grupo de vários credos, entre eles a Igreja Católica e as Igrejas do CONIC – as Igrejas Cristãs e já esta semana foi a vez de médicos e cientistas entraram com novo pedido de impeachment”.

Contudo, o missionário natural da Madeira, que está há 50 anos no Brasil, não acredita que “venham a ser discutidos, venham a sair da gaveta”.

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  • João Lopes
    14 fev, 2021 Viseu 15:06
    O Brasil era "grande" quando era governado pelos marxistas: Lula da Silva e Dilma Rousseff que deixaram o Brasil na miséria: «Um Estado que não se regesse segundo a justiça, reduzir-se-ia a um bando de ladrões»: Agostinho de Hipona (354-430).

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