16 fev, 2021 - 12:14 • Olímpia Mairos
Na sua mensagem para a Quaresma, o bispo da Diocese de Vila Real, começa por afirmar que a “Quaresma deste ano constituirá para todos nós, cristãos da diocese de Vila Real, uma experiência diferente do habitual”.
“A gravidade da situação pandémica obrigou à permanência em casa de grande parte da população e à suspensão das ações litúrgicas públicas. Neste contexto, convido a todos a fazerem desta Quaresma um tempo de deserto e caminhada interior, um tempo de conversão e esperança”, escreve D. António Augusto Azevedo.
O responsável pela Diocese de Vila Real entende que “o confinamento caseiro durante largos dias aproxima-nos da experiência espiritual de deserto”, explicando que com ele “somos capazes de imaginar com mais facilidade a solidão, o silêncio e a vulnerabilidade que sentiram aqueles que estiveram no deserto”.
Referindo-se ao tempo que Jesus e o Povo de Deus passaram no deserto, D. António Augusto refere que foram períodos essenciais “para cimentar a sua identidade e preparar uma nova fase da sua história”.
“Tanto Jesus como o povo saíram do deserto mais fortes interiormente para assumirem a missão. Da mesma forma, esta Quaresma pode ser um tempo de deserto interior em que nos confrontamos com a verdade da nossa vida, as tentações que nos iludem, o pecado que nos envenena a vida”, realça o prelado.
O bispo da Diocese de Vila Real pede, assim, aos cristãos para não se resignarem “em fazer deste tempo um mero interregno ou suspensão da “vida normal”, mas um tempo marcante para o nosso futuro”.
“No meio das trevas que nos envolvem, preparemo-nos melhor para celebrar a luz pascal; sedentos de liberdade, de vida, de relação com os outros, disponhamo-nos a saborear a água viva e a liberdade plena que jorram da Páscoa de Jesus Cristo”, propõe D. António Augusto.
O bispo de Vila Real assegura aos cristãos que nestes “quarenta dias não estamos sozinhos, caminhamos com Jesus Cristo e com toda a Igreja”.
“Essa caminhada interior será mais rica e proveitosa, se cultivarmos espaços de silêncio e de oração, se frequentarmos mais assiduamente a Sagrada Escritura. Serão os alimentos para o nosso caminho e ajudas para reencontrar e fortalecer as raízes da nossa fé”, explica o prelado.
D. António Augusto Azevedo refere ainda que o caminho quaresmal que nos conduz à celebração da Páscoa tem a marca de esperança.
“Uma esperança que não é resposta fácil aos dramas humanos, mas é dom e promessa daquele que é o Senhor da história. Uma esperança de que tanto carecemos para nos iluminar nestes dias de sombras e incertezas. Mas uma esperança que nos compromete porque solicita uma profunda conversão de vida”, observa o responsável pela Diocese de Vila Real.
D. António Augusto alerta ainda que esta mudança de vida acontece “nos corações que se abrem ao amor infinito e misericordioso do Pai” e encontra a sua confirmação no “assumir de estilos de vida mais fraternos e solidários, mais sóbrios e respeitadores do ambiente”.
Aludindo às práticas tradicionais da Quaresma, o jejum, a oração e a esmola, o bispo de Vila Real declara que “podem adquirir no presente contexto um sentido mais amplo e uma intensidade mais profunda”.
“O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa”, explica o prelado.
Neste sentido, o bispo da Diocese de Vila Real realça que a renúncia quaresmal que os cristãos são convidados a fazer é também uma prática cheia de significado e informa que “atendendo a que tem aumentado de forma preocupante o número de pessoas e famílias a precisar de apoio para a alimentação e outros bens de primeira necessidade”, o produto da renúncia quaresmal será destinado à Caritas Diocesana.
“Esta instituição da Igreja tem vindo a dar uma resposta pronta e eficaz às situações de carência material, mas para fazer face ao crescente aumento de casos de emergência precisa de ver reforçada a solidariedade de todos os diocesanos”, conclui D. António Augusto Azevedo.