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Francisco sobre a Quaresma. Uma viagem de regresso para curar as feridas

17 fev, 2021 - 10:54 • Aura Miguel

O Papa diz que “a Quaresma é uma viagem de regresso a Deus” e lembra que sozinhos nada conseguimos.

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Na homilia da missa de imposição das cinzas desta quarta-feira, na basílica de São Pedro, Francisco recordou que o tempo litúrgico que agora começa serve “para verificar as estradas que estamos a percorrer” e para encontrar o caminho que nos leva de volta a casa e à redescoberta do vínculo fundamental com Deus, do qual tudo depende”.

“A Quaresma é uma viagem de regresso a Deus”, disse esta quarta-feira o Papa, acrescentando que não há tempo para desculpas. “Quantas vezes, atarefados ou indiferentes, Lhe dissemos: «Senhor, virei encontrar-Vos mais tarde... espera. Hoje não posso, mas amanhã começarei a rezar e a fazer algo pelos outros». Agora Deus lança um apelo ao nosso coração. Na vida, sempre teremos coisas a fazer e desculpas a apresentar, mas agora é tempo de regressar a Deus”.

GPS bem afinado

Com uma linguagem do dia-a-dia, Francisco afirmou que “a Quaresma não é compor um ramalhete espiritual, mas é discernir para onde está orientado o coração”. Por isso, deixou um convite: “Tentemos saber para onde me leva o «navegador» da minha vida, para Deus ou para o meu eu? Vivo para agradar ao Senhor, ou para ser notado, louvado, preferido? Tenho um coração dançarino que dá um passo para a frente e outro para trás, amando ora o Senhor ora o mundo, ou um coração firme em Deus? Sinto-me bem com as minhas hipocrisias ou luto para libertar o coração da simulação e das falsidades que o têm prisioneiro?”

Sozinhos, não dá

Conhecedor da natureza humana, Francisco bem sabe das “dificuldades e apegos doentios”, dos “laços sedutores dos vícios e falsas seguranças do dinheiro e da ostentação” e até “da lamúria que paralisa”. Mas é possível sair destas doenças espirituais: “Sozinhos, não podemos curá-las. Todos temos vícios arraigados…sozinhos, não podemos extirpá-los; todos temos medos que nos paralisam…sozinhos, não podemos vencê-los. Temos necessidade da cura de Jesus, precisamos de colocar diante d’Ele as nossas feridas”, garante o Papa.

Onde lavar as feridas

Com sucessivos apelos à humildade, Francisco pediu que, neste caminho da Quaresma, “para não perder o rumo, coloquemo-nos diante da cruz de Jesus: é a cátedra silenciosa de Deus. Contemplemos cada dia as suas chagas, pois naqueles buracos, reconheçamos o nosso vazio, as nossas faltas, as feridas do pecado, os golpes que nos fizeram sofrer. E, contudo, mesmo ali, vemos que Deus não aponta o dedo contra nós, mas abre-nos os braços.”

O Papa convidou os fiéis a reconhecer que as chagas de Cristo “estão abertas para nós e por elas fomos curados”. “Beijemo-las e compreenderemos que precisamente lá, nos buracos mais dolorosos da vida, Deus nos espera com a sua infinita misericórdia. Porque ali, onde somos mais vulneráveis, onde mais nos envergonhamos, Ele veio ao nosso encontro. E agora convida-nos a regressar a Ele, para voltarmos a encontrar a alegria de ser amados”.

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