02 mar, 2021 - 17:40 • Aura Miguel
O Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, diz que o Papa vai ao Iraque com uma mensagem de unidade para que os iraquianos possam “reconstruir o país, curar todas as feridas e iniciar uma nova etapa para o futuro”.
A declaração é deixada por Parolin numa entrevista ao “L’Osservatore Romano”, na qual o cardeal refere que, apesar das dificuldades e sofrimentos deste povo, em que a Igreja passou por dolorosas perseguições e martírio, “o diálogo inter-religioso deve ser promovido” e que “as dificuldades podem ser superadas, se houver boa vontade e empenho de todos”.
"Que não nos deixemos bloquear por tudo o que aconteceu, por mais negativo que tenha sido - e foi muito negativo - mas olhemos em frente com esperança e coragem para reconstruir esta realidade do Iraque”, apelou Pietro Parolin.
Ainda sobre a importância desta visita, que se realizará entre os dias 5 e 8, o responsável do Vaticano diz esperar que a presença do Papa ajude ao “renascimento material e espiritual do povo iraquiano, com impacto também em toda a região, que precisa de bons exemplos”, e, sobretudo, “que isso aconteça sob o sinal da fraternidade”, tal como refere o lema desta visita Papal Sois todos irmãos.
Neste caminho de diálogo, destaque para o encontro com o Grande Aiatolá Al-Sistani, “uma das personalidades mais simbólicas e significativas do mundo xiita, que sempre se pronunciou a favor da coexistência pacífica no Iraque e defendeu que todos os grupos étnicos, grupos religiosos, fazem parte do país”, refere Parolin.
O encontro histórico entre o Papa e o líder xiita, agendado para a manhã do próximo sábado, “ajudará a construir a fraternidade entre cristãos e muçulmanos, que deve caracterizar o país, portanto, será um dos momentos mais significativos da visita do Papa ao Iraque”.
Preparativos e pandemia
Enquanto no Iraque se ultimam os preparativos para a chegada do Papa, a Sala de Imprensa do Vaticano revelou, esta manhã, mais alguns detalhes do programa, que exige especiais precauções relacionadas com a segurança e a pandemia.
Com o número de contágios em crescimento no Iraque, a presença de participantes nos encontros do Papa foi reduzida ao máximo de cem pessoas e Francisco terá de usar sempre um carro fechado e blindado. A única exceção será no estádio de Erbil, onde celebrará missa ao ar livre, no próximo domingo.
Em três dias, o Papa deverá percorrer mais de 1.445 quilómetros, com voos (avião e helicóptero) entre Bagdad, Najaf, Nassiriya, Erbil, Mossul e Qaraqosh, percursos que sobrevoam algumas zonas onde ainda se encontram algumas células de jihadistas do estado islâmico.
Interrogado sobre o sentido de uma visita do Papa, em pleno pico de pandemia, o seu porta-voz, Matteo Bruni, respondeu que as duas palavras-chave desta viagem são “Fraternidade e Esperança” e que Francisco “leva paz e consolo ao povo iraquiano, como um verdadeiro acto de amor”.
Bruni confirmou que o Papa não vai encontrar multidões, que “não perde de vista os riscos, mas que, também ele, é movido por um “acto radical de amor, para abraçar os que sofrem e honrar tantas vítimas e mártires”.