06 mar, 2021 - 15:00
O Papa Francisco celebrou este sábado à tarde missa na capital iraquiana, Bagdad, com a comunidade católica local.
Depois de uma manhã em que viajou até Najaf para se encontrar com o grande ayatollah dos xiitas iraquianos, e depois para Ur para uma celebração inter-religiosa, Francisco regressou à capital do Iraque para celebrar missa, fechando assim as atividades públicas do segundo dia da sua viagem ao Iraque.
A missa foi celebrada na Catedral de São José e, para além de marcar a primeira vez que um Papa celebrou missa no Iraque, foi ainda a primeira vez que um Papa preside a uma eucaristia segundo rito caldeu.
Em bom rigor, a celebração eucarística neste rito não se chama missa, mas sim Santa Qurbana, ou Santo Qurbono, segundo o dialeto siríaco, a língua oficial desta Igreja Católica de rito oriental que está e comunhão plena com Roma, mas tem a sua própria liturgia e costumes. Qurbono significa sacrifício em siríaco.
O rito desta celebração é, por isso, muito diferente do rito latino que o Papa costuma celebrar e que é o mais comum nos países católicos ocidentais, como é o caso de Portugal. O Papa estará a celebrar o rito de Adai Mari, que data pelo menos do Século VII e tinha a particularidade de, na sua forma original não incluir as palavras da instituição da eucaristia na consagração. O rito usado pelos caldeus integrou essas palavras posteriormente, embora a Igreja Católica tenha acabado por concluir que a eucaristia que não as emprega não deixa de ser válida.
A Igreja Católica Caldeia é a maior confissão cristã no Iraque, embora haja católicos de outros ritos, como os siro-católicos. O encontro de sexta-feira com os líderes da comunidade católica realizou-se numa Igreja siro-católica.
Siro-católicos e caldeus derivam todos da mesma família de igrejas de tradição siríaca, centrada em Antioquia, uma das principais sedes patriarcais do Cristianismo primitivo. Depois de se ter separado de Roma, a seguir ao Concílio de Calcedónia, a Igreja Siríaca acabou por sofrer várias divisões internas. O primeira cisão levou à criação da Igreja Caldeia, que se encontra em comunhão com Roma e mais tarde uma nova separação levou à criação da Igreja Siríaca Católica, ou siro-católica, que também entrou em comunhão com Roma. É por isso que existem pelo menos duas igrejas católicas de tradição siríaca no Iraque, embora existam mais fora do Iraque, nomeadamente a Igreja Maronita, na região do Líbano e as igrejas Siro-Malabar e Siro-Malankara, na Índia.
No Iraque existe ainda a Igreja Siríaca Ortodoxa, a Igreja Assíria do Oriente e a Antiga Igreja do Oriente, que não estão em comunhão com Roma, mas são também de tradição siríaca.