28 mar, 2021 - 12:00 • Aura Miguel
“Entrámos na Semana Santa. Pela segunda vez vivemo-la no contexto da pandemia. O ano passado estávamos mais chocados, este ano estamos mais provados. E a crise económica tornou-se pesada”, disse o Papa esta manhã, durante a oração do Angelus.
No final da missa de Ramos, com que se assinala o início da Semana Santa, Francisco sublinhou a importância de pegar na cruz, tal como faz Jesus que “carrega o mal que tal realidade comporta, mal físico, psicológico e, sobretudo, mal espiritual, porque o Maligno aproveita as crises para semear desconfiança, desespero e discórdia.” Ao imitarmos Jesus, disse o Papa,”ao longo da via sacra quotidiana, encontramos os rostos de tantos irmãos e irmãs em dificuldade: não passemos ao lado, deixemos que o coração se compadeça e aproximemo-nos”.
Francisco convidou os fiéis a rezar “por todas as vítimas da violência, em particular, pelas atingidas pelo atentado desta manhã na Indonésia, diante da Catedral de Makassar.”
Na manhã deste domingo, um ataque junto à catedral de Makassar, na Indonésia, fez para já pelo menos 14 feridos. De acordo com a polícia, um bombista fez-se explodir junto à igreja, na altura em que terminava a missa de domingo de Ramos.
A explosão na principal catedral católica da cidad(...)
Durante a homilia, o Papa disse que “não basta admirar Jesus; é preciso segui-Lo no seu caminho, deixar-se interpelar por Ele e passar da admiração à surpresa”.
E, para que esta Semana Santa seja vivida com Jesus, é condição fundamental o deixar-se surpreender por Deus: “Peçamos a graça do espanto. A vida cristã, sem surpresa, torna-se cinzenta. Como se pode testemunhar a alegria de ter encontrado Jesus, se não nos deixamos surpreender cada dia pelo seu amor espantoso, que nos perdoa e faz recomeçar? Se a fé perde o espanto, torna-se surda: já não sente a maravilha da graça, deixa de sentir o gosto do Pão da vida e da Palavra, fica sem perceber a beleza dos irmãos e o dom da criação”, sublinhou Francisco.
O Papa acrescentou ainda que, se no Crucificado, vemos Deus humilhado e reduzido a um descartado, “com a graça do espanto, compreendemos que, acolhendo quem é descartado, aproximando-nos de quem é humilhado pela vida, amamos Jesus, porque Ele está nos últimos, nos rejeitados, naqueles que a nossa cultura farisaica condena”.