01 abr, 2021 - 14:46 • Rosário Silva
Nestes tempos difíceis e marcados ainda pelo confinamento, é preciso “tempo, disponibilidade e disposição para acolher o que o Espírito quer dizer à Igreja”. A proposta em forma de convite é feita pelo arcebispo de Évora, nesta Quinta-feira Santa, na sua mensagem para a Páscoa 2021.
D. Francisco Senra Coelho sublinha que “estes tempos são convite à escuta, à oração e a uma certa e saudável quietude contemplativa”, sendo, por isso, “vital” uma atitude de serenidade e disponibilidade.
“Não será que nestes tempos o Senhor nos pede para sermos mais uma Igreja confidente, Igreja que escuta, na certeza de que este é suporte imprescindível para sermos uma Igreja cooperante que anuncia? Não será que poderemos investir mais em nós, pela leitura, estudo bíblico, cursos catequéticos, aproveitando tantas propostas digitais também da nossa Arquidiocese e do ISTE (Instituto Superior de Teologia de Évora)?”, questiona o prelado na sua mensagem.
Nesta linha, o arcebispo convida “todas as comunidades cristãs a aproveitar estes tempos menos ativos a apostarem na formação, crescendo para dentro, servindo-se para isso de todos os meios técnicos seguros ou legítimos”.
D. Francisco Senra Coelho lembra que no dia-a-dia, nem sempre “é possível encontrar as soluções para todos os problemas”, no entanto, escreve, “não é impossível encontrar Deus no meio das dificuldades e experimentarmos que Ele está vivo, permanece connosco, é nosso contemporâneo e está do nosso lado, ajudando-nos a ajudar; Ele envia a sua luz e ilumina as grandes cruzes da humanidade.”
Neste sentido, é dado a conhecer um “forte apelo” oriundo de Roma para que os cristãos se mobilizem “a favor da tradicional coleta, em Sexta-feira Santa, para a Igreja que testemunha o nome de Cristo na terra por onde Ele viveu a sua existência histórica”.
Mensagem deixada durante a homília da Missa Crisma(...)
Em causa, é sublinhado, está o “desaparecimento quase completo das peregrinações e do turismo religioso e com o forte abaixamento do quantitativo da coleta em 2020”.
Neste início de abril “de modo desafiante”, inicia-se o Tríduo Pascal que será celebrado em contexto pandémico, acentua o prelado, “de modo atento e cumpridor das normas prescritas, evitando todas as manifestações da religiosidade popular realizadas no exterior dos templos”.
Assim, na área da arquidiocese não vão realizar-se “as tradicionais procissões do “Enterro do Senhor” e, em algumas localidades, as “Procissões da Ressurreição”, marcadas pela alegria em Cristo Ressuscitado presente na Eucaristia, solenemente transportado em adoração, louvor e bênção, pelas ruas das localidades que realizam este momento repleto de significado.”
O ano em curso impele, assim a uma vivência da Páscoa que “sublinhe a intimidade pessoal e familiar com Jesus”, uma vez que sem manifestações exteriores, “fica o espaço do nosso coração disponível para que a Graça de Deus habite em nós de modo mais consciente e profundo.”
“Será na nossa interioridade que poderemos viver a Páscoa de modo mais profundo, contemplativo, libertador e, por isso, com renovada alegria interior e compromisso comunitário, com todos os irmãos de Jesus, os seus discípulos”, acrescenta D. Francisco Senra Coelho.
“Eis, um modo sóbrio de viver a alegria da ressurreição no meio da incerteza, pelas muitas perguntas sem respostas seguras e definitivas; por vezes, no meio de sofrimentos, cansaços e lutos”, lê-se.
Há ainda uma chamada de atenção para a Renúncia Quaresmal, “gesto penitencial fortemente ligado à vivência da Quaresma”, e que este ano se destina às pessoas que estão em maiores dificuldades e que são auxiliados pela Caritas diocesana de Évora. Renúncia que deverá ser entregue no domingo da Misericórdia, a 11 de abril.