02 abr, 2021 - 08:02 • Liliana Carona
Setenta e três páginas mostram que um padre, que é também jornalista, sabe captar e prender a atenção do leitor para as tradições pascais de quatro paróquias. O sacerdote Francisco Barbeira escreveu “Via Sacra – Caminho de Jesus com o povo”.
“É um recolher de tradições em quatro aldeias da Diocese da Guarda, nomeadamente a minha terra natal, Marmeleiro, e depois as paróquias onde exerço a minha missão: Vale de Estrela, Famalicão da Serra e Fernão Joanes (cerca de dois mil habitantes no total)”, começa por descrever o padre e diretor do jornal centenário “A Guarda”.
Ser jornalista e simultaneamente padre garante maior proximidade com as fontes, acredita Francisco Barbeira.
“As pessoas abrem-se muito mais facilmente comigo por ser padre”, defende, elogiando o trabalho dos colegas. “Os jornalistas fazem um trabalho extraordinário, com muito empenho, a maioria faz isso”, ressalva.
Aos 53 anos, Francisco quis contar as tradições religiosas da Páscoa. “Desde que fui para as paróquias, achei interessante a forma como as pessoas viviam a Quaresma, o ‘Andar as Cruzes’ ou fazer a Via Sacra é uma das principais tradições do povo, na altura da Quaresma. Só quem ‘anda as cruzes’, quem se dispõe a fazer o percurso com Jesus, dá conta de tanta beleza e arte escondida em cada estação da Via Sacra”, salienta o padre Francisco.
As igrejas paroquiais escondem, segundo o sacerdote, “autênticos tesouros que lembram o percurso de Jesus a carregar a Cruz, desde o Pretório de Pôncio Pilatos até ao Monte Calvário”, referindo que “são tradições muito arreigadas nas gentes da Serra da Estrela” e que o fascinaram, “para além da poesia popular, com as quadras e melodia própria”.
Sacerdote há 27 anos, Francisco Barbeira é o autor do livro, que não tem só texto. “É muito ilustrado, com pinturas de Evelina Coelho, uma pintora de referência”, afirma.
Pintura e texto no livro “Via Sacra – Caminho de Jesus com o povo”, que pode ser adquirido na livraria da diocese da Guarda, por 6 euros ou mesmo de forma gratuita. “Quem não tiver nada para dar, pode levar, não é obrigatório deixar a oferta”, garante Francisco.
“Ao longo destas páginas caminhamos com a gente de Famalicão e de Fernão Joanes, na sua maneira própria de viver cada uma das estações, com quadras de sabedoria religiosa a que juntam a melodia do canto”, conclui.