09 abr, 2021 - 10:28 • Olímpia Mairos
O presidente Internacional da Fundação AIS, Heine-Geldern, acaba de lançar um apelo para que “acabem com a violência” em Myanmar e pede orações, afirmando que “os cristãos em todo o mundo só podem olhar” para aquele país asiático e “sentir a maior preocupação”.
“Estou abalado com as notícias que nos chegaram de Myanmar”, conta Heine-Geldern.
Segundo a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos, organização não-governamental birmanesa, desde o dia 1 de fevereiro, quando os militares deram início a um golpe de Estado, já morreram 510 pessoas em Myanmar.
A atuação das forças de segurança, especialmente desde o último fim-de-semana de março, representou uma escalada na onda de violência contra as populações que têm protestado nas ruas contra a intervenção dos militares. Só nesses dois dias terão morrido cerca de uma centena de pessoas.
“Munidos de equipamento militar, as forças de segurança estavam aparentemente preparadas para disparar contra qualquer um nas ruas”, afirma Heine-Geldern, descrevendo “o grau de brutalidade” que se viu nesses dias em Myanmar.
O passado fim-de-semana foi o mais violento do últ(...)
O presidente executivo internacional da Fundação AIS teme que a violência se prolongue no tempo, assinalando que “nenhum dos lados – nem os militares, nem o movimento pró-democracia – estará disposto a recuar”.
“Os militares acreditam que têm o direito de aterrorizar as pessoas, em busca da ‘estabilidade e segurança’. O movimento nas ruas, liderado por jovens, está decidido a libertar o país da ditadura militar”, explica Heine-Geldern, temendo, por isso, que “as coisas podem ficar ainda piores”.
É neste contexto, temendo o agravamento da situação, que o responsável pela Ajuda à Igreja que sofre apela à oração.
“Precisamos de mais oração. Precisamos de paz e reconciliação. Por favor, incluam o povo de Myanmar nas vossas orações diárias…”, implora o responsável.
O presidente internacional da AIS não deixa, no entanto, de assinalar que, apesar da violência verificada nas ruas, com militares a disparar, por vezes, à queima-roupa sobre manifestantes, há sinais de esperança.
“As imagens de uma religiosa ajoelhada, a bloquear o caminho dos soldados, implorando o fim da violência, são comoventes. Da mesma forma, dois padres, um católico e outro protestante, conseguiram negociar a retirada da polícia e dos manifestantes… Esperemos que as suas ações abrandem os corações dos responsáveis…”, observa Heine-Geldern.
Desde o golpe militar a 1 de fevereiro já morreram(...)
Em Myanmar, antiga Birmânia, a comunidade cristã é muito pequena, situando-se em cerca de 8%. A grande maioria da população é budista.
A Fundação AIS está a apoiar a Igreja local, financiando a formação de sacerdotes e religiosas, bem como as atividades de catequese para os fiéis, além de projetos relacionados com a construção e renovação de igrejas, capelas, casas paroquiais e conventos e ainda de centros comunitários.
A situação vivida em Myanmar tem suscitado a condenação da comunidade internacional e desencadeado sanções, visando a junta militar birmanesa.
Os Estados Unidos, Reino Unido (antiga potência colonial) e União Europeia (UE) decretaram sanções, visando altas patentes das forças armadas birmanesas.
Os militares tomaram o poder em 1 de fevereiro, por alegadas fraudes nas eleições de novembro passado, vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi.
A prémio Nobel da Paz foi deposta pelos militares e detida, juntamente com grande parte do governo civil.
Desde o golpe, a junta militar já prendeu mais de três mil pessoas.