14 abr, 2021 - 16:24 • Ecclesia
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O presidente da Academia Pontifícia para a Vida, da Santa Sé, monsenhor Vicenzo Paglia, disse numa conferência online que o pós-pandemia exige uma “nova visão”, para travar futuras “tragédias”.
“O pós-coronavírus ou é construído sobre a solidariedade ou então continuaremos a precipitar-nos no abismo”, referiu o colaborador do Papa, que inaugurou o ciclo de conferências da Pastoral da Saúde na Diocese de Viana do Castelo, a decorrer entre terça-feira e sábado.
O arcebispo italiano citou Francisco, para quem “pior do que esta crise, só o drama de a desperdiçar”.
O presidente da Academia Pontifícia para a Vida desafiou todos a partir dos ensinamentos desta “tragédia” da Covid-19, procurando superar os atuais “desequilíbrios” do sistema, da desflorestação a hábitos alimentares “completamente desequilibrados”.
“A pandemia não pode ser atribuída apenas a fenómenos naturais, também é fruto da irresponsabilidade dos seres humanos”, apontou.
Monsenhor Vicenzo Paglia considera urgente “aprofundar o significado” da pandemia e respeitar “todo o sofrimento que a crise provocou”.
“As consequências das nossas ações caem sempre sobre os outros. Não há ações individuais sem consequências sociais, nunca”, advertiu.
A intervenção realçou dois aspetos que emergiram neste período de crise sanitária, “a interdependência e a vulnerabilidade”.
“Somos todos frágeis”, sustentou.
O arcebispo italiano considerou que “não é fácil admitir a vulnerabilidade” na sociedade contemporânea.
“Pensávamos que era possível encontrar uma solução técnica para tudo”, declarou.
Para monsenhor Vicenzo Paglia é importante apresentar uma “nova visão do humano”, alargando os temas da “bioética global” para acentuar a dimensão “relacional” e ambiental, com atenção à dignidade humana.
“Se quisermos um futuro sustentável, há necessidade de uma visão de sociedade que tenha traços de uma efetiva fraternidade universal”, precisou.
A conferência denunciou ainda uma “gravíssima desigualdade na distribuição” das vacinas contra a Covid-19, apontando o dedo a um denominado “nacionalismo vacinal”.
“É urgente um novo equilíbrio na produção e distribuição das vacinas”, defendeu o colaborador do Papa.
O arcebispo italiano evocou as últimas encíclicas – “Fratelli Tutti” (2020) e “Laudato Si” (2015) – do Papa Francisco, em que se propõe “uma única grande família que vive numa casa comum”.
“Como crentes, temos o grande dom da visão da fraternidade universal que o Papa recordou a todos”, concluiu.
O ciclo de conferências da Pastoral da Saúde da Diocese de Viana do Castelo tem como tema ‘Somos a Igreja que acolhe e promove a vida’, com transmissão online às 21h15.