25 abr, 2021 - 12:47 • Aura Miguel
“Confesso-vos que estou muito triste com a tragédia que, uma vez
mais, aconteceu há dias no Mediterrâneo”, desabafou o Papa esta manhã,
referindo-se à morte de 130 migrantes que morreram no mar. “São pessoas. São
vidas humanas que, durante dois dias inteiros, pediram ajuda, em vão. Uma ajuda
que não chegou”.
No final da oração Regina Coeli, proferida na janela do Palácio Apostólico, Francisco convidou todos a interrogarem-se sobre esta “enésima tragédia”, classificando-a como “o momento da vergonha”. E pediu para se rezar pelos que morreram “e continuam a morrer nestas dramáticas viagens”, bem como “por aqueles que podem ajudar, mas preferem olhar para outro lado”.
O Papa também se mostrou solidário com as 82 vítimas de um incêndio num hospital de Bagdad e não esqueceu a população das ilhas Saint Vincent e Granadinas, afetadas por sucessivas erupções vulcânicas.
“Padres: sejam pastores e não empresários”
Ainda neste domingo, que a Igreja celebra como “domingo do Bom Pastor”, Francisco ordenou nove sacerdotes. Durante a homilia, o Santo Padre pediu-lhes que se afastem da vaidade, do orgulho e do dinheiro.
“O diabo entra ‘pelos bolsos’. Pensem nisto. Sede pobres, porque os santos fiéis de Deus são pobres. Pobres que amam os pobres”, alertou o Papa. “Não sejam arrivistas… a ‘carreira eclesiástica’... depois, tornas-te funcionário, e quando um sacerdote começa a ser empresário, tanto na paróquia como no colégio, onde quer que seja, perde aquela proximidade com o povo, perde aquela pobreza que o torna semelhante ao Cristo pobre e crucificado. E torna-se sacerdote-empresário, e não servo.”
Para reforçar este alerta, Francisco contou um episódio relacionado com um destes “padres-empresários” que, ao ver que um dos seus funcionários mais velhos tinha cometido um erro, gritou com ele e mandou-o embora. “E aquele idoso morreu por causa disso… aquele homem tinha sido ordenado sacerdote e acabou como empresário impiedoso”, disse o Papa. “Guardem sempre esta imagem: sirvam como pastores e não como empresários. E afastem-se do dinheiro.”