27 abr, 2021 - 09:11 • Olímpia Mairos
D. Christian Carlassare, de 43 anos, nomeado bispo de Rumbek, capital do estado de Lagos, no Sudão do Sul, foi ferido a tiro na noite de domingo, dia 25, para segunda-feira. Foi baleado pelo menos três vezes nas pernas, e apesar de ter perdido muito sangue, não corre perigo de vida.
De acordo com a agência de notícias Fides, o missionário comboniano terá sito também espancado.
“O ataque foi aparentemente planeado” com o objetivo de o assustar “para não ser ordenado bispo”, cerimónia que está agendada para 23 de maio, domingo de Pentecostes.
Segundo o portal de notícias do Vaticano o padre Christian Carlassare recebeu os primeiros cuidados médicos no hospital de Rumbek, tendo sido depois transferido primeiro para Juba e depois para Nairóbi, no Quénia, para transfusões de sangue.
Foi o próprio missionário ferido a informar a família e o responsável dos Combonianos, em Itália, sobre o ataque sofrido.
“Rezem, não tanto por mim, mas pelo povo de Rumbek que sofre mais do que eu”, pediu o padre Christian Carlassare aos superiores da sua congregação.
O Papa Francisco foi informado sobre o atentado no Sudão do Sul, que deixou ferido o padre italiano, bispo eleito da diocese de Rumbek, e “está a rezar por ele”, informou o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Matteo Bruni.
Já o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, pediu às autoridades locais uma rápida investigação do ataque, que conduza à captura dos criminosos que feriram o padre Christian.
“As autoridades não permitirão - disse Salva Kiir - que a ação de uns poucos criminosos condicione os projetos da Igreja”.
Os fiéis de Rumbek, diocese de maioria ‘dinka’, um dos maiores grupos étnicos do Sudão do Sul, deram as boas-vindas ao padre Christian há 10 dias, no último dia 16 de abril.
Francisco nomeou o padre Christian como bispo no dia 8 de março. Aos 43 anos de idade, o missionário italiano é o bispo mais jovem do mundo colocado à frente de uma diocese.
Segundo Kinga Schierstaedt, responsável pelos projetos da Fundação AIS para aquele país africano, o Sudão do Sul é um país “cada vez mais vulnerável”, em consequência de anos de conflito armado.
O Sudão do Sul “enfrenta desafios intransponíveis atribuídos a conflitos civis, catástrofes naturais recorrentes, como inundações e colapso económico”, explica Schierstaedt, acrescentando que “a estação das chuvas, as inundações e [as pragas de] gafanhotos pioraram ainda mais as condições de vida de milhões de sul-sudaneses.”
Os motivos do ataque ao missionário italiano ainda estão a ser investigados, mas a animosidade entre os nuer e os dinka - as duas principais etnias que tem estado na base dos conflitos no país, pode ser uma das possíveis razões para o ataque.
Na região de Rumbek predomina o povo dinka, sendo que o novo bispo tem estado envolvido, há cerca de 15 anos, em projetos de evangelização essencialmente ligados à etnia rival.
No entanto, como recorda Kinga Schierstaedt, a Igreja tem desempenhado um papel importante na coesão do tecido social do Sudão do Sul.
“Apesar dos desafios, a Igreja tem sido proactiva em estabelecer pontes entre grupos étnicos, promovendo o desenvolvimento socioeconómico e prestando assistência humanitária à população que sofre”, assinala a responsável da AIS, destacando que a nomeação do missionário italiano “trouxe muita esperança à diocese”.