11 mai, 2021 - 10:33 • Aura Miguel
Na Carta apostólica sob forma de “Motu proprio”, publicada esta terça-feira, com o titulo “Antiquum ministeruim”, o Papa Francisco institui o Ministério laical de catequista.
Francisco recorda como, na história da evangelização destes dois milénios, é evidente a eficácia da missão dos catequistas, reconhecendo, desde os primórdios na comunidade cristã, “uma forma difusa de ministerialidade, concretizada no serviço de homens e mulheres que, obedientes à ação do Espírito Santo, dedicaram a sua vida à edificação da Igreja”.
O Papa valoriza “a multidão incontável de leigos e leigas que tomaram parte, diretamente, na difusão do Evangelho através do ensino da catequese, animados por uma grande fé e verdadeiras testemunhas de santidade, que, em alguns casos, foram mesmo fundadores de Igrejas, chegando até a dar a sua vida”. E reconhece como "nos nossos dias, há muitos catequistas competentes e perseverantes que estão à frente de comunidades em diferentes regiões, realizando uma missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da fé”.
Além disso, “a longa série de Beatos, Santos e Mártires catequistas que marcou a missão da Igreja, merece ser conhecida, pois constitui uma fonte fecunda não só para a catequese, mas também para toda a história da espiritualidade cristã”, escreve o Papa.
A Carta apostólica reúne alguns pontos decisivos da doutrina da Igreja sobre a catequese e os catequistas, com especial destaque para o papel dos leigos, cuja missão é “ainda mais urgente nos nossos dias, devido à renovada consciência da evangelização no mundo contemporâneo e à imposição duma cultura globalizada que requer um encontro autêntico com as jovens gerações, sem esquecer a exigência de metodologias e instrumentos criativos que tornem o anúncio do Evangelho coerente com a transformação missionária que a Igreja abraçou”.
Face à crescente consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja, o Papa institui um ministério laical de Catequista, que "imprime uma acentuação maior ao empenho missionário típico de cada um dos batizados que, no entanto, deve ser desempenhado de forma plenamente secular, sem cair em qualquer tentativa de clericalização”.
A Carta Apostólica refere que “este ministério possui uma forte valência vocacional, que requer o devido discernimento por parte do Bispo e se evidencia com o Rito de instituição”. Trata-se de “um serviço estável prestado à Igreja local de acordo com as exigências pastorais identificadas pelo Ordinário do lugar, mas desempenhado de maneira laical como exige a própria natureza do ministério”.
Entre os requisitos para aceder ao ministério instituído de Catequista, exige-se que sejam “homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, que recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese”. Exige-se ainda que estejam “disponíveis para exercer o ministério onde for necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólica”.
O rito de Instituição do ministério laical de catequista será publicado brevemente pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. E todas as Conferências Episcopais devem, a partir de agora, estabelecer os passos necessários e os critérios normativos “para tornarem realidade o ministério de Catequista, em conformidade com tudo o que foi expresso por esta Carta Apostólica”.