24 mai, 2021 - 15:54 • Olímpia Mairos
A igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Loikaw, foi atingida, este domingo, por uma bomba disparada pelo exército, causando quatro mortes e vários feridos.
Segundo a agência italiana SIR, os militares birmaneses dispararam bombas em áreas habitacionais visando as aldeias South Kayantharyar, North Kayantharyar e Tabyekone, no município de Loikaw, estado de Kayah.
Em declarações à agência, o pároco, padre Fabiano Adone, refere que quatro pessoas - um casal e duas mulheres - morreram instantaneamente, tendo ficado feridas quatro pessoas, uma em estado grave.
Os mortos e feridos tinham-se refugiado na igreja, quando se deu o ataque.
Também o padre Francis Soe Naing fala de uma constante insegurança, indicando que os feridos foram levados para um lugar seguro.
A aldeia de South Kayantharyar pertence à paróquia de Kayantharyar, diocese de Loikaw e ali residem mais de 170 famílias católicas, com cerca de 700 pessoas.
“Nenhum lugar é seguro, agora que a guerra chegou à cidade”, lamenta o sacerdote, citado pela agência SIR da conferência episcopal italiana, acrescentando que, tendo em conta que “as forças do regime birmanês estão a sequestrar e a matar civis inocentes de forma arbitrária, não há outra opção para o povo a não ser defender-se por qualquer meio”.
A diocese de Loikaw tem 40 paróquias. Em quase todas as paróquias, foram criados campos de refugiados para as pessoas deslocadas internamente, estimando-se que mais de 40 mil deslocados internos estejam aos cuidados da Igreja Católica de Loikaw.
“As pessoas precisam de necessidades básicas, mas também de apoio espiritual”, alerta o sacerdote.
Em Myanmar, antiga Birmânia, a comunidade cristã é muito pequena, situando-se em cerca de 8%. A grande maioria da população é budista.
A situação vivida em Myanmar tem suscitado a condenação da comunidade internacional e desencadeado sanções, visando a junta militar birmanesa.
Os Estados Unidos, Reino Unido (antiga potência colonial) e União Europeia decretaram sanções, visando altas patentes das forças armadas birmanesas.
Os militares tomaram o poder em 1 de fevereiro, por alegadas fraudes nas eleições de novembro passado, vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi.
A prémio Nobel da Paz foi deposta pelos militares e detida, juntamente com grande parte do governo civil.