30 mai, 2021 - 13:04 • Ana Lisboa
"ToP: Programa de Tempo Partilhado" é um e-book elaborado por João Canossa Dias, estudante de Doutoramento em Ciências da Cognição e da Linguagem do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, e um guia para todos os que desejam incentivar a comunicação e a interação com pessoas com multideficiências, dificuldades intelectuais graves e perturbações de autismo e, assim, reduzir o seu isolamento social.
Com coautoria de Isabel Monteiro e Sara Soares (ESSUA) e da professora Ana Mineiro (ICS-UCP), trata-se de um programa "simples e uma abordagem e atitude de cuidadores de pessoas com deficiências mais graves.
O principal objetivo é incentivar os parceiros de comunicação a estarem plenamente disponíveis para a interação comunicativa com estas pessoas e a experimentarem diferentes propostas de atividades e de iniciativas comunicativas simples, que possam ser co-construídas e evoluírem em termos de complexidade e diversidade da troca comunicativa que se desenvolve.
Na prática, este Programa "ToP "propõe aos parceiros de comunicação que dispensam dez minutos do seu tempo, apenas e exclusivamente, na interação com a pessoa com deficiência.
Desta forma, é possível "descobrir novas formas de comunicar e de envolver pessoas com necessidades complexas de comunicação no grupo social de que faz parte".
O que se espera é que as pessoas com deficiências passem mais tempo do seu dia a interagir com diferentes comunicadores, independentemente das dificuldades e limitações que tenham.
Muitas vezes estas pessoas passam "grande parte do seu tempo em isolamento social". Por isso, o "objetivo e o resultado que se espera com o Programa ToP é precisamente inverter, colocar a interação comunicativa como prioritária e assegurar que ninguém passa tempo durante o dia no seu centro de dia ou no seu centro de atividades ocupacionais sem interagir com outras pessoas de forma rica e com qualidade", sublinha este responsável.
A ideia deste Programa ToP não é nova, foi desenvolvida por uma investigadora australiana.
O conceito surgiu porque Sheridan Forster, terapeuta da fala, trabalhava numa instituição em que havia pouco tempo para dedicar à comunicação e interação com esta população.
A ideia foi criar um programa simples, "low cost", que não implicasse recursos especializados e que fosse fácil de implementar através da sensibilização e da formação básica aos principais cuidadores e parceiros de comunicação".
Resta dizer que o Programa ToP ainda não está a ser implementado em Portugal. O e-book foi publicado recentemente. O próximo passo, revela João Canossa Dias, será dinamizar formações para cuidadores e potenciais parceiros de comunicação e só depois aplicá-lo nas instituições que mostrem interesse nesta proposta.
Pode conhecer melhor esta publicação aqui.