09 jun, 2021 - 12:00 • Olímpia Mairos , Aura Miguel
As Comissões Episcopais das Comunicações Sociais de Portugal e Espanha admitiram esta quarta-feira, em Lisboa, que a pandemia da Covid-19 vai refletir-se na organização da próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que vai decorrer na capital portuguesa, em 2023.
“A pandemia tem e continuará a ter grande impacto na organização de qualquer evento”, sublinham os bispos no comunicado final do Encontro Ibérico anual que decorreu em Lisboa.
Os bispos das Comissões Episcopais que coordenam o setor das Comunicações Sociais em Portugal e Espanha consideram que “o encontro do Papa com jovens de todo o mundo é uma oportunidade única para descobrir, hoje, Cristo Vivo, o acolhimento da Igreja e o valor do encontro pessoal com outros jovens” e destacam a capacidade extraordinária que JMJ tem “de unir sensibilidades distintas e as mais diversas instituições e organizações de um país num grande projeto capaz de gerar esperança e transformar as pessoas e o lugar que habitam”.
“A Igreja tem por missão levar o Evangelho a todas as pessoas e a realização da JMJ motiva os jovens a serem os protagonistas do anúncio da Boa Notícia a outros jovens”, observam.
No final deste encontro, em declarações à Renascença, D. João Lavrador sublinhou a complexidade da comunicação das JMJ, que não podem ficar “apenas restritas aos jovens que frequentam a Igreja, mas também a todo o jovem que tenha uma inquietação sobre o futuro e que possa trazer o seu contributo, como o Papa Francisco deseja”.
O presidente da Comissão Episcopal para as Comunicações quer jovens protagonistas, por isso, a comunicação deve partir dos próprios jovens, “para que eles sintam que isto é um acontecimento universal, para todos os jovens, independentemente da situação em que se encontrem”. E espera que “os jovens, com a sua linguagem própria, possam decifrar e transformar aquilo que vem dos adultos e dos organismos oficiais para a sua cultura e linguagem próprias”.
A Renascença também ouviu o homólogo espanhol, responsável pela Comunicação da Igreja. Mons. José Manuel Planes olha para as próximas JMJ Lisboa 2023 como “uma grande oportunidade para os jovens “fazerem a experiência do encontro, não só entre eles, mas também com o Papa e, sobretudo com a fé”.
A JMJ 2023 esteve no centro da reflexão dos bispos que abordaram “os desafios que um encontro do Papa com os jovens de todo o mundo provoca na Igreja e na sociedade, onde a comunicação tem um papel fundamental”.
“Nestes eventos, a comunicação tem um papel fundamental, uma vez que permite difundir as mensagens propostas pelo Papa, fomentar o encontro entre os jovens de todo o mundo e facilitar o trabalho interno das diversas equipas que participam na organização”, afirmam os bispos, lembrando que a recente experiência da vida em Igreja “faz pensar que a dimensão digital terá um papel central na realização da próxima Jornada, criando novas possibilidades de peregrinação e participação”.
Segundo os bispos das duas comissões ibéricas, a dimensão global da JMJ “ultrapassa as fronteiras de uma diocese de acolhimento” e “implica todo o país e a Igreja no mundo”.
O encontro de Lisboa começou com a reflexão proposta pelo presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, D. Américo Aguiar, e a intervenção de Marieta de Jaureguizar, diretora de imprensa na JMJ Madrid 2011.
E, de acordo com o comunicado final, durante os trabalhos esteve muito presente a convocatória do Papa Francisco, para um rosto sinodal da Igreja, em sintonia com o próximo Sínodo dos Bispos, “que desafia também todos os que trabalham na comunicação social”.
“O ambiente cordial em que vivemos este encontro traduz-se na vontade de continuar a trabalhar com esta proximidade no futuro, tendo como horizonte a celebração da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, em 2023”, pode ler-se no comunicado.