17 jun, 2021 - 19:02 • Pedro Mesquita , com redação
Os bispos europeus divulgaram esta quinta-feira um documento onde se manifestam contra as propostas inscritas no chamado relatório "Matic", que deverá ser votado ainda este mês pelo Parlamento Europeu, e onde aborto é definido como um direito humano.
A propósito do relatório “Matic”, a Renascença falou com o bispo do Funchal, D. Nuno Brás, que é também delegado da Conferência Episcopal Portuguesa para a Comissão dos Episcopados da União Europeia.
D. Nuno Brás explica que a denúncia apresentada pelos bispos europeus visa “mais uma tentativa – houve uma anterior em 2013 – de legislar em matéria de saúde e educação que é própria de cada Estado”.
“Trata-se de uma tentativa de impor, a partir de cima, a partir da União Europeia, normas para os Estados que apontam o aborto como se fosse um direito humano, é uma tentativa de normalizar o aborto como direito humano e de impor a ideologia de género”, alerta o bispo do Funchal.
Francisco mostrou-se solidário com o povo venezuel(...)
Os bispos europeus consideram que esta é “uma matéria de cada Estado e é importante que a União Europeia respeite isso”.
Em segundo lugar, “o aborto não é obviamente um direito humano. Aquilo que é o direito humano é, quanto muito, o direito à maternidade”.
Para D. Nuno Brás, em vez da promoção do aborto, a União Europeia devia “apoiar a maternidade” indicar aos Estados caminhos nesse sentido.
O delegado da Conferência Episcopal Portuguesa para a Comissão dos Episcopados da União Europeia sublinha que o relatório “Matic”, também, tenta limitar o direito à objeção de consciência por parte dos profissionais de saúde.
“Existe a tentativa de limitar o direito à objeção de consciência prevista na lei de vários Estados. Um médico que queira ser obstetra, mas que tenha objeção de consciência na prática do aborto não o pode ser. Trata-se de limitar a objeção de consciência aos profissionais de saúde que lidam com a maternidade”, critica o prelado.
Os bispos europeus querem “alertar as consciências dos eurodeputados no sentido de votarem contra este relatório que não tem ponta por onde se pegue, tal como aconteceu em 2013”, conclui D. Nuno Brás.