18 jun, 2021 - 23:10 • Filipe d'Avillez
A fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) apoiou os cristãos perseguidos com quase 123 milhões de euros em 2020.
Numa nota enviada esta sexta-feira à Renascença, a fundação pontifícia diz que este valor de 122,7 milhões de euros representa um aumento de cerca de 15% em relação a 2019.
O valor global é composto por donativos recolhidos pelos 23 secretariados nacionais da AIS, incluindo o de Portugal. A AIS nacional sublinha o facto de mesmo em tempo de crise pandémica os portugueses terem doado mais de 3,4 milhões de euros para ajudar os que mais sofrem por fidelidade à Igreja.
“Este valor representa um acréscimo de esforço e de solidariedade dos portugueses dado o contexto muito adverso provocado pela pandemia da Covid19”, diz a diretora do secretariado português da AIS. “A generosidade dos benfeitores da AIS é notável e ficou demonstrada uma vez mais no ano de 2020” acrescenta Catarina Martins de Bettencourt “não só ao nível dos donativos mas também na preocupação revelada pela situação difícil que muitas comunidades cristãs têm vindo a enfrentar no mundo por causa do aumento da perseguição religiosa.”
O apoio à Igreja em África, nomeadamente em Moçambique, por causa dos ataques terroristas em Cabo Delgado, é exemplo disso. “O que se passa em África exige a nossa maior atenção. São cada vez mais os países atingidos pelo terrorismo islâmico e a situação em Cabo Delgado demonstra como num curto espaço de tempo toda uma região fica à mercê de grupos armados, extremamente violentos, agravando a pobreza das suas populações”, diz a diretora do secretariado português. “Mas a resposta dos benfeitores, em Portugal e em todo o mundo, face à campanha lançada pela Fundação AIS, tem sido extraordinária. Face ao terror absoluto, temos uma generosidade sem limites…”, acrescenta ainda Catarina Martins de Bettencourt.
Na apresentação das contas da organização o presidente executivo internacional da fundação AIS, Thomas Heine-Geldern, disse que “a pandemia não só virou de avesso o nosso próprio trabalho, como também agravou drasticamente a situação dos cristãos em muitas regiões do mundo, que se viram literalmente, quase de um dia para o outro, sem trabalho, salário ou comida. E muitos padres e religiosos também ficaram sem saber o que fazer face às despesas”.
“Nesta emergência, no entanto, os benfeitores da Fundação AIS mantiveram-se fiéis à caridade. Esta grande generosidade deixa-nos profundamente gratos”, disse ainda Heine-Geldern.
“Foi bastante imprevisto, especialmente porque a crise infligiu uma profunda insegurança económica e dificuldades a todos nós. Ficámos particularmente satisfeitos por constatar que o número de benfeitores também aumentou em todo o mundo”, acrescentou.
Uma vez que a fundação não recebe quaisquer fundos públicos em nenhum dos países onde opera, estes donativos são especialmente importantes para permitir manter os 4.758 projetos que existem atualmente.
A maioria destes projetos decorre em África, onde existe grande preocupação com o aumento da violência contra os cristãos. “Estamos muito preocupados, particularmente com os países da região do Sahel, onde se registou uma explosão de terrorismo. A pandemia tornou a situação dos refugiados ainda mais difícil, e em muitos casos a Igreja é a única instituição que ainda resta para apoiar estas populações.”
O Médio Oriente também concentra uma grande parte da atenção desta fundação, embora a pandemia tenha dificultado o trabalho nesta parte do mundo. “Isto teve muito a ver com a pandemia – muitos projetos de reconstrução estrutural ficaram paralisados porque era simplesmente impossível entregar os materiais de construção necessários”, explicou o presidente executivo internacional. “Mas esta região continua, no entanto, a ser profundamente importante para nós”, acrescentou.
Na Ásia mantém-se uma grande aposta na Índia e no Paquistão, onde os cristãos são uma minoria muito pequena da população, sujeita a graves perseguições por causa da sua religião e em muitos casos a precisar de apoio básico apenas para poderem sobreviver.