28 jul, 2021 - 18:33 • Ecclesia
O Vaticano divulgou uma mensagem para a celebração da memória do Beato Zeferino Giménez (2 de agosto), cigano espanhol conhecido como “Pelé”, convidando a promover uma “verdadeira fraternidade cristã” que respeite todos.
“Pelé nasceu no seio de uma cultura que cuida dos seus mais pequenos e dos seus mais velhos com paixão. Sabem que tanto uns como os outros, pela sua vulnerabilidade, precisam de cuidado, embora também como agradecimento a Deus pelo dom das suas vidas”, refere o texto, assinado pelo cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé).
O documento foi enviado à Agência Ecclesia pela Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, em Portugal.
Zeferino Giménez Malla foi fuzilado em Barbastro (Espanha), em 1936, por tentar salvar um sacerdote.
A Santa Sé destaca que, na vida de Pelé, como é popularmente conhecido pelos ciganos, se encontram refletidos “os valores centrais da vida cristã”.
“Os ciganos são peritos na fraternidade. As dificuldades que têm tido que enfrentar coletivamente, ao longo dos séculos, criaram neles um forte sentimento de pertença e de solidariedade de grupo”, destaca o cardeal Turkson.
O colaborador do Papa destaca os mecanismos de ajuda recíproca que mitigaram o impacto da pandemia entre os ciganos, “à qual estavam mais expostos, precisamente por viverem famílias numerosas em espaços reduzidos”.
“Umas famílias ajudaram as outras a seguir em frente. Quero também assinalar os dispositivos de urgência que também foram desencadeados aos níveis diocesanos, religiosos e civis. A pandemia fez-nos descobrir a nossa fragilidade e a nossa falta de solidariedade”, escreve.
O cardeal Peter Turkson evoca a figura do Beato Zeferino Giménez como alguém que soube “preservar os valores tradicionais da cultura cigana, como a promoção da vida, a centralidade da família, o sentido religioso da vida, o acolhimento incondicional, a conceção humana do trabalho e a alegria de viver”.
A mensagem recorda ainda o sacerdote milanês Mario Riboldi, falecido a 8 de junho, “depois de uma vida de 57 anos dedicada à pastoral dos ciganos”, tendo percorrido toda a Europa na sua rulote-capela, desde 1971.
“Mons. Riboldi soube difundir os valores ciganos entre os não ciganos e às famílias ciganas deu o que tinha: o Evangelho e a sua própria pessoa, dedicando-se ao seu serviço”, indica o prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral.
O sacerdote italiano colaborou, entre outros, na causa que levou à beatificação de Zeferino Giménez Malla.
O Vaticano e a Conferência Episcopal Espanhola preparam materiais pastorais para estas celebrações, orientados para quem se dedica a trabalhar na Pastoral dos Ciganos.