13 ago, 2021 - 12:37 • Teresa Paula Costa
Na homilia da peregrinação aniversária especialmente dedicada aos migrantes, o cardeal Jean Claude Hollerich destacou o exemplo de serviço de Maria e desafiou os peregrinos de Fátima a colaborarem mais com a Igreja.
“Maria que é jovem e pobre, está grávida sem ser casada, tem todas as razões para estar muito transtornada”, afirmou o cardeal, destacando que “ela percebe que, naquele momento, tudo mudou, que vai ser afinal o seu menino a protegê-la, a alimentá-la e a dar sentido à vida dela”.
Com a convicção de que “Maria muito provavelmente elevou orações [a Deus] relativas ao concreto da vida quotidiana”, D. Hollerich reconheceu que, tal como Maria, “viemos a este Santuário com o mesmo género de orações: pela saúde dos familiares, os problemas do trabalho, a preocupação com o sucesso escolar dos filhos e netos, as incertezas da emigração”.
Tomando o exemplo de Maria que “não se fica apenas pela oração, mas está presente para se colocar ao inteiro serviço do outro”, o arcebispo do Luxemburgo apelou aos peregrinos de Fátima para “alargar este espírito de serviço aos vossos vizinhos, às pessoas com quem vos cruzais habitualmente, aos vossos amigos”.
“Porque não roubar tempo ao tempo para visitar os irmãos doentes ou idosos?” questionou o prelado.
Segundo o cardeal “as paróquias precisam de homens e mulheres, jovens e adultos, dispostos a servir o evangelho e o próximo” e “na catequese não é necessário ter um doutorado em teologia, mas uma fé viva é bem mais importante e fecunda na transmissão da fé aos mais novos ou adultos”.
Também “nos grupos de solidariedade cristã são precisas pessoas abertas que favoreçam o acolhimento dos refugiados e migrantes”, afirmou, acrescentando que também se pode servir a Igreja, por exemplo, no acolitado ou noutros ministérios laicais.
Na homilia da eucaristia, o cardeal D. D. Hollerich elogiou ainda os emigrantes e refugiados.
“Com as vossas mãos, trabalho, suor do rosto, inteligência, sacrifício das vossas vidas, tendes ajudado a construir a riqueza económica e cultural dos países que, por esse mundo fora, vos acolhem”, afirmou o prelado.
Considerando a comunidade lusófona que vive no Luxemburgo como “um sinal de esperança para a Igreja”, o arcebispo classificou toda a comunidade migrante do Grão-Ducado (que representa 48% da população do país) como um “laboratório de comunhão e interculturalidade”.
Por fim, o arcebispo do Luxemburgo exortou os emigrantes e refugiados presentes em Fátima a “continuar a ajudar os países que vos acolhem para viver a não perderem a esperança”.