29 ago, 2021 - 17:53
O cardeal-vigário de Roma, Angelo de Donatis, sublinhou hoje, em Fátima, as dificuldades que a sociedade atravessa atualmente, em tempos de pandemia, e exortou à oração e à conversão.
"Passámos e estamos ainda a viver um tempo difícil para a humanidade. Sentimos tanto cansaço no corpo e na alma", disse Angelo de Donatis na missa dominical no Santuário de Fátima, na qual participou um grupo "expressivo" de peregrinos da diocese de Roma, acrescentando: "Por isso, trazemos a Deus as preocupações e angústias do mundo, mas sobretudo as nossas alegrias e esperanças".
Segundo o cardeal-vigário de Roma, citado em nota do Santuário de Fátima, a conversão "não se alcança apenas pelo cumprimento de ritos e de regras", mas através "de um encontro com Deus e com os irmãos".
Na homilia, lida em português pelo reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, o prelado italiano alertou ainda para os riscos do farisaísmo, de uma "religião estéril", que apresenta um Deus "terrível, horrível e que não usa da misericórdia".
Os fariseus "estão sempre presentes na história. Devemos fugir do farisaísmo, segundo o qual podemos levantar-nos sozinhos, com voluntarismo sem a obra da graça", disse, acrescentando que "é preciso purificar a alma das falsas imagens de Deus, para poder começar um verdadeiro caminho de vida autêntica".
"As mãos do homem, daquele que trabalha a terra, daquele que toca, daquele que cuida do corpo dos doentes, do pedreiro, do motorista, do sacerdote... todas se sujam, todas devem ser lavadas; as mãos abertas ao dom, às carícias do amor, as mãos juntas na oração, bem como as mãos fechadas em punho que matam, as mãos que torturam, as mãos que contam o dinheiro sujo... Todas, lavadas, têm exteriormente uma idêntica aparente pureza. Mas a diferencia está no coração", afirmou, defendendo que "a fronteira entre a vida moral e imoral não passa por mãos lavadas, mas pelo coração, o mundo interior do homem, a sua mente, a sua consciência, o lugar da relação com Deus e das decisões pela vida".
"Neste tempo de pandemia do mundo, podemos santificar as nossas mãos uma infinidade de vezes, evitando o contágio da doença, mas se não purificarmos o coração deixamos a passagem livre ao Mal", concluiu.
No final da eucaristia, o cardeal italiano, que se encontrou com o Papa na quinta-feira, antes da partida para Fátima, deixou a bênção apostólica do líder católico e renovou o pedido de oração por Francisco.