01 set, 2021 - 08:30 • Filipe d'Avillez
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O Papa Francisco diz que o segredo para combater a corrupção no Vaticano passa pelo fortalecimento e a reforma do sistema judicial na Santa Sé.
Numa longa entrevista dada à Cadena COPE, e que passou esta quarta-feira de manhã, Francisco insistiu que a corrupção é uma doença em que as grandes organizações estão sempre a recair, mas que deve ser sempre combatido.
No caso particular da Santa Sé, foi necessário reformar também todo o sistema judicial, explica.
“Trata-se de fortalecer o sistema judicial do Vaticano, torná-lo mais independente e dotá-lo de melhores condições técnicas, nomear um novo procurador. Isto ajuda as coisas a avançar. A Estrutura ajudou a enfrentar esta situação, que parecia que nunca ia mudar.”
"Esperemos que estes passos dados na justiça do Vaticano ajudem a que haja cada vez menos casos… Sim, de corrupção"
Francisco acrescentou que “tudo mudou com duas denúncias de pessoas que trabalham no Vaticano e viram irregularidades.”
Foi preciso o Santo Padre encorajá-los a avançar com a denúncia, diz. “Perguntaram-me o que fazer? São pessoas de bem, estavam com medo e então eu disse que o caminho era este, não ter medo da transparência e da verdade. A verdade liberta.”
Apesar de todas as reformas, diz, não há como garantir que não volte a haver casos. “Daqui a uns anos aparecerá outro caso? Esperemos que estes passos dados na justiça do Vaticano ajudem a que haja cada vez menos casos… Sim, de corrupção, à primeira vista parece que há corrupção.”
"Espero de todo o coração que ele seja inocente, mas os tribunais vão decidir"
Falando diretamente de um dos casos mais sonantes da justiça no Vaticano nos últimos tempos, o julgamento por corrupção do Cardeal Becciu, o Papa sublinhou a amizade pessoal que tem por ele. Foi, aliás, uma reforma introduzida pelo Papa que permitiu que ele fosse levado a tribunal, embora deseje que ele seja absolvido.
A entrevista do Papa Francisco à Cadena COPE, a rádio católica de Espanha, durou mais de uma hora. Nele o Papa falou de diversos temas, incluindo o problema da pedofilia na Igreja, o polémico acordo entre a Santa Sé e a China, a questão da eutanásia e ainda a importância de Espanha se reconciliar com a sua história.