14 set, 2021 - 07:45 • Filipe d'Avillez
O Papa Francisco viaja esta terça-feira para a cidade eslovaca de Košice, no leste do país, onde terá encontros com os jovens e com membros da comunidade cigana.
Francisco tem enfatizado nesta sua viagem apostólica à Eslováquia o facto de o país ser uma ponte entre o ocidente e o oriente da Europa, os “dois pulmões” do continente, como descreveu o seu antecessor Papa João Paulo II, que têm diferentes alfabetos, tradições, culturas e formas de espiritualidade. Tal como fez o santo Papa polaco, Francisco quer demonstrar que a Europa precisa desses dois pulmões a respirar em conjunto.
Por isso, o dia arranca logo com a celebração de uma Divina Liturgia, nome dado à celebração eucarística em rito bizantino. A Igreja Católica é composta por mais de 20 Igrejas que gozam de uma certa autonomia, mas que estão em comunhão com Roma, em torno da figura do Papa. A principal e mais numerosa é a Igreja Latina, maioritária na Europa ocidental e central e em todas as terras evangelizadas por estes territórios, incluindo as Américas, África e Ásia. Os católicos latinos são mais de 90% de todos os católicos no mundo.
As restantes igrejas católicas são de rito oriental, isto é, partilham com os ortodoxos a tradição litúrgica, teológica e espiritual mas, ao contrário destes, estão em comunhão com Roma. A maior destas igrejas católicas de rito oriental é a Igreja Greco-Católica da Ucrânia, que é de tradição bizantina – daí o termo “greco”, uma vez que Bizâncio era a capital da parte grega, oriental, do Império Romano – e conta cerca de cinco milhões de fiéis, mas há várias outras mais pequenas e há ainda outras, de tradição maronita, no Líbano; siríaca, no Iraque e na Síria; copta, no Egito, entre outras.
Tal como as Igrejas ortodoxas as orientais católicas seguem uma lógica de organização étnico-religiosa, pelo que no leste da Eslováquia os católicos bizantinos pertencem à Igreja Greco-Católica da Eslováquia. Trata-se de uma das igrejas orientais mais pequenas, com cerca de 300 mil membros, concentrados na sua maioria no leste do país. Embora todos os cristãos tenham sido duramente perseguidos durante o regime comunista, os católicos de rito oriental, tanto na Eslováquia como noutros países do leste da Europa, sofreram de forma particularmente dura.
Os clérigos normalmente precisam de autorização para poderem celebrar ritos diferentes daqueles em que foram ordenados, mas essa limitação não se aplica ao Papa e Francisco tem experiência na celebração do rito bizantino, uma vez que em Buenos Aires era responsável direto pelos Católicos de Rito Oriental, de maioria da diáspora ucraniana.Também já celebrou a divina liturgia, enquanto Papa, na sua visita à Roménia.
Depois da celebração em Košice Francisco faz uma pausa para almoçar e descansar, seguindo-se às 15h, hora de Portugal continental, um encontro com a comunidade cigana local. Os ciganos, ou romani, são uma minoria que compõe cerca de 2% da população da Eslováquia e, tal como em muitos outros países europeus, têm sido vítimas de discriminação ao longo das décadas, tendo problemas de integração social.
Finalmente, o dia do Papa termina com um encontro com jovens no Estádio Lokomotiva, ainda em Košice, depois do qual segue de novo para Bratislava.
Francisco termina a sua viagem à Eslováquia na quarta-feira com uma missa no Santuário Nacional de Šaštin, antes de partir de volta para Roma, onde chega às 14h30, hora de Portugal continental.