29 set, 2021 - 08:46 • Olímpia Mairos
“Já não se aguenta mais”. O grito surge na voz de Nicolas Ghobar, um cristão de Belém.
“Estamos fechados, abandonados e praticamente estamos a mendigar”, diz, em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
A pandemia de Covid-19 e a guerra entre Israel e o Hamas, em maio, esvaziaram a região de peregrinos e de turistas e isso está a revelar-se dramático para a sobrevivência da pequena comunidade cristã.
“A cidade de Belém vive só do turismo e já levamos 19 meses sem nenhum peregrino por aqui”, explica Nicolas, acrescentando que “todas as fronteiras estão fechadas, não há nenhuma ajuda, nem do Governo nem de nenhuma organização”.
O artesão, conhecido dos portugueses por colocar na época de Natal peças de artesanato com motivos religiosos à venda em Igrejas no Chiado, em Lisboa, teme dias muito difíceis, com a perspetiva de os turistas só regressarem em julho do próximo ano.
“Por isso, eu, assim como várias famílias cristãs, estamos a tentar arranjar uma forma de sobreviver e ajudar as nossas famílias. A nossa única forma e esperança é vendendo artigos religiosos que fazemos aqui, em madeira de oliveira, como Nossas Senhoras, presépios, anjos, cruzes e terços. Precisamos de vender essas peças para sobreviver”, diz, em declarações à AIS.
Com as lojas vazias e sem ninguém nas ruas, torna-se quase impossível sobreviver para quem vive, como os cristãos, essencialmente da venda de peças de artesanato e do turismo. Nicolas Ghobar fala em abandono e diz que aos cristãos só resta mendigar, porque já não conseguem sequer fazer face às despesas básicas do dia-a-dia.
“Precisamos de ajuda para podermos pagar as contas da luz, da água e ter o básico para enfrentarmos o Inverno que está a chegar. No inverno tudo vai ser muito mais difícil”, alerta.
Nicolas pede ajuda e lembra que há cada vez menos cristãos na Terra Santa. “Ajudem, por favor, a comunidade cristã a sobreviver na terra de Jesus. Cada vez somos menos. Já somos apenas cerca de 2% de 6 milhões de habitantes”, conclui.