12 out, 2021 - 21:17 • Teresa Paula Costa
O cardeal D. António Marto disse esta terça-feira, em Fátima, que a pedofilia “é uma situação de luto para a Igreja”.
Na conferência de imprensa que antecedeu o arranque da peregrinação internacional de outubro, o bispo da diocese de Leiria-Fátima explicou que se trata de “luto para interiorizar tudo o que significa esta chaga no coração da Igreja, mas também para olhar para o futuro com um olhar novo”.
Uma “tarefa árdua”, considerou o cardeal, “de reconstruir a dignidade e a esperança no novo caminho.”
“A Igreja está disposta a realizar com determinação todos os esforços necessários para pôr fim a estes dramas, a esta chaga que a atingiu profundamente” salientou D. António Marto.
“Quer com o cuidado das vítimas, do acolhimento e do apoio humano, psicológico e espiritual, quer, atendendo ao presente, numa atitude preventiva e sem contemplações”, pois “não há contemplações neste campo”.
“Todas as ações que tiverem de ser feitas para o reconhecimento da verdade deverão ser feitas”, defendeu o cardeal.
A Igreja portuguesa vai avançar com a criação de um grupo coordenador para a situação dos abusos sexuais por parte de membros do clero, confirmou esta terça-feira a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
No final da reunião do Conselho Permanente, em Fátima, o porta-voz da CEP, o padre Manuel Barbosa, disse que este grupo visa “criar procedimentos comuns e tratar da questão da formação e da troca de experiências entre os elementos das comissões”.
Na conferência de arranque da peregrinação de outubro a Fátima, D. António Marto aproveitou para destacar a importância do Sínodo dos bispos, que teve início no fim de semana, no Vaticano.
“Este processo sinodal marcará a passagem de um modelo de Igreja clerical, centrada no poder do clero, para um modelo da Igreja sinodal, baseada na corresponsabilidade de todos os fiéis e na sua participação e auscultação”, afirmou o prelado.
Considerando o processo “um momento crucial para a Igreja no mundo”, D. António Marto não deixou de referir a existência de “focos de resistência”.
“Há uma tendência de resistência passiva com certo receio de interrogações pois não se sabe onde é que isto vai levar”, acrescentou.