29 out, 2021 - 15:56 • Ângela Roque , Filipe d'Avillez
O Papa Francisco recebeu esta sexta-feira em audiência o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden.
O encontro do Papa com Joe Biden no Vaticano durou cerca de hora e meia, e a Casa Branca classificou-o como tendo sido “muito caloroso”.
Biden – que de deslocou a Roma para participar na Cimeira de lideres do G20, que decorreu por estes dias – classificou o Papa Francisco como o mais importante “guerreiro pela paz” que já conheceu, e ofereceu-lhe uma medalha presidencial, conhecida como “challenge coin”, com uma imagem do Estado do Delaware, que representou enquanto senador durante 36 anos, e da unidade militar na qual serviu o seu filho, Beau Biden, que morreu em 2015, de cancro.
“Sei que o meu filho gostaria que lha oferecesse”, explicou o presidente norte-americano ao Papa.
Depois do encontro com o Papa Francisco, Biden reuniu-se com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e com o secretário para as relações com os Estados, Paul Gallagher.
O comunicado do Vaticano fala num encontro “cordial”, em que se falou do compromisso comum para com a proteção e cuidado do planeta, da situação sanitária e da luta contra a pandemia da Covid-19, dos migrantes e refugiados, e da proteção dos direitos humanos, incluindo do direito à liberdade religiosa e de consciência.
O encontro permitiu, ainda, trocar impressões sobre a atualidade internacional, tendo em conta a cimeira do G20, em Roma, e a Cimeira do Clima, que começa este domingo em Glasgow.
Em declarações aos jornalistas mais tarde o Presidente americano disse que os dois líderes não falaram sobre o aborto, um tema que os divide. Na sua resposta Biden disse apenas que "falámos sobre o facto de ele estar contente por eu ser um bom católico que continua a comungar". Contactado pelo New York Times, um porta-voz do Vaticano recusou confirmar o assunto, dizendo que se tratou de "uma conversa pessoal".
São palavras que prometem causar polémica, sobretudo nos Estados Unidos.
Joe Biden define-se a si mesmo como um católico devoto e vai regularmente à missa. Contudo, a sua defesa pública e persistente do aborto legal tem-lhe valido críticas por parte da hierarquia católica nos Estados Unidos.
Decorre atualmente uma discussão prolongada entre os bispos sobre se devem, ou não, publicar um documento sobre a admissão aos sacramentos por parte de políticos que defendam ostensivamente o aborto, mas a Conferência Episcopal está dividida sobre o assunto. De um lado os que temem que as imagens de Joe Biden a comungar possam passar a ideia de que a defesa do aborto não é um assunto grave e do outro os que querem evitar “politizar” a Eucaristia. A Conferência Episcopal reúne-se novamente em novembro e o tema deve estar na agenda.
[Notícia atualizada às 18h04]