06 nov, 2021 - 08:06 • Teresa Paula Costa
D. António Marto nasceu em Tronco, no concelho de Chaves, diocese de Vila Real, no dia 5 de maio de 1947 e foi ordenado sacerdote em Roma, no dia 7 de novembro de 1971, pelo cardeal D. António Ribeiro. Ordenado bispo em 2001, foi nomeado para a Diocese de Leiria-Fátima, onde iniciou a sua missão no dia 25 de junho de 2006, tendo sido criado cardeal pelo Papa Francisco em 2018.
Na véspera do seu aniversário sacerdotal, o bispo da diocese de Leiria respondeu a algumas questões da Renascença.
O que significa para si alcançar 50 anos ao serviço da Igreja?
Quando chegamos a esta celebração dos 50 anos já o fazemos com uma certa maturidade e são três os sentimentos que experimento. O primeiro é de ação de Graças. A Deus porque foi Ele que fez tudo em mim; agradecer o dom da vocação, do sacerdócio ministerial, da perseverança e da alegria com que sempre o exerci. Agradecer à Igreja que me acolheu e de quem eu recebi a iniciação à fé cristã e na qual encontrei sempre uma família de irmãos e ao serviço da qual pus a minha pessoa e os meus dons. Agradecer também a todos aqueles que, ao longo destes 50 anos, me acompanharam e estiveram ao meu lado com o seu afeto, com a sua amizade. A começar pelos meus pais, meus familiares, pelos colaboradores mais próximos que estiveram ao meu lado onde trabalhei e tantas pessoas que, ao longo do ministério encontrei, procurei servir e das quais recebi tantos testemunhos de fé.
Depois, também, um sentimento de renovação do “Sim” que dei na primeira hora porque, ao longo do ministério, nós experimentamos os nossos limites, as nossas fragilidades e damos conta que trazemos um dom e um mistério e “vasos de barro” (para usar a expressão de S. Paulo). Por isso, é também o momento de pedir perdão a Deus pelos limites, fragilidades, negligências e pedir para renovar o “Sim” com o entusiasmo da primeira hora.
E, finalmente, é também um sentimento de esperança relativamente ao futuro. Vivi sempre com alegria e com esperança o ministério. Não sei quanto tempo me resta de vida, mas olho também o futuro com esperança, porque aquele que sempre me acompanhou na vida e nunca me faltou, o Senhor, me acompanhará também no resto da vida. Esperança também relativamente ao sacerdócio, porque Deus nunca deixará faltar os sacerdotes necessários para o Seu povo. Sobretudo nestes momentos epocais de viragem em que mais necessário é que o povo tenha quem os acompanhe. E uma esperança que também se estende ao mundo inteiro, sobretudo nesta fase de crise e de viragem epocal que abre novas perspetivas para um mundo novo. Que nós sejamos capazes de, nesta hora, respondermos aos desafios que se nos põem.
Quando olha para trás, que balanço faz do seu percurso?
O nosso povo tem um provérbio muito sábio: “Ninguém é juiz em causa própria” e, por conseguinte, não serei eu a fazer este balanço. Será Deus, em primeiro lugar, a fazê-lo, a Igreja, a quem procurei servir e as comunidades que também servi. Elas farão o seu balanço. Eu confio na bondade de todos.
O que gostaria ainda de fazer pela Igreja?
Não sou eu que me proponho. Eu estou na disponibilidade de servir e estamos a viver um momento belo de renovação da Igreja que nos é proposto pelo Papa Francisco, o nosso querido Papa. E, por conseguinte, gostaria e gostarei de contribuir na medida das minhas posses e possibilidades para ajudar esta renovação de uma Igreja que seja presente no mundo como um hospital de campanha, que acolhe todos os feridos e ajuda a curar as feridas.
Uma Igreja onde todos tenham lugar e ninguém seja excluído. Uma Igreja que promova a cultura do cuidado e do encontro. Do encontro com todas as pessoas, de todos os povos, culturas e raças. A busca da fraternidade. E, através da cultura do cuidado, cuidar uns dos outros e cuidar também da nossa casa comum, que é o nosso planeta, que nos foi confiado para fazermos dele um jardim e não o deixarmos um deserto.
E finalmente também uma Igreja sinodal. Onde todos se sintam membros vivos, participantes ativos, colaboradores, de tal modo que caminhemos todos juntos, em comunhão. E que façamos a experiência de uma Igreja em comunhão, participação e missão.