08 nov, 2021 - 16:46 • Ângela Roque
O relatório “Cristãos sob ataque na Índia”, elaborado por várias organizações não governamentais, responsabiliza o partido nacionalista hindu BJP (Bharatiya Janata Party - Partido do Povo Indiano), do primeiro-ministro Narendra Modi, assim como as leis anti conversão em vigor, pelo aumento dos ataques contra as comunidades cristã e muçulmana na Índia.
De acordo com a Ajuda à Igreja que Sofre, no estado indiano de Madhya Pradesh – onde os cristãos representam menos de 4 por cento da população - há relatos de medo, depois de ativistas radicais hindus terem intensificado uma campanha para a reconversão ao hinduísmo. Ouvido pela Fundação AIS, o padre Rochy Shah, porta-voz da diocese de Jhabua, diz que as pessoas estão “assustadas” face ao aumento da pressão para que muitos desistam de ser cristãos.
“Os ativistas hindus estão a exigir ações contra padres e pastores que lideram as respetivas comunidades cristãs, e ameaçam demolir as nossas igrejas, sob a falsa acusação de que elas foram construídas ilegalmente nas terras dos povos indígenas”, conta o sacerdote, confirmando que a estratégia de intimidação obrigou já à mobilização das forças de segurança para se evitar a destruição de igrejas. “Mais de 300 polícias foram destacados para proteger a catedral católica e outras estruturas”.
Madhya Pradesh é um dos oito estados da Índia que tem atualmente uma lei anti conversão, e que prevê penas de prisão até 10 anos para quem se tenha convertido a outras religiões, o que para o padre Shah constitui “um claro desafio” sobretudo a quem se converteu ao cristianismo.
Desde que a lei entrou em vigor, no início do ano, mais de uma dezena de cristãos, incluindo sacerdotes, foram detidos e muitos encontros de oração foram proibidos. “Até um ato de caridade cristã pode agora ser interpretado como um caso de tentativa de conversão”, refere o padre Shah à Fundação AIS.