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Moçambique

Diocese de Tete inicia processo de beatificação de dois Jesuítas

17 nov, 2021 - 06:53 • Ana Lisboa

Os dois sacerdotes, um português e outro moçambicano, foram mortos num cenário de grande violência em 30 de outubro de 1985, na localidade de Champutera, na região de Tete.

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No próximo sábado, dia 20 de novembro, a Diocese de Tete inicia a fase diocesana do processo de beatificação e canonização de dois missionários jesuítas assassinados durante a guerra civil que fustigou Moçambique durante 16 anos.

A informação foi avançada pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

Trata-se de um padre português, Sílvio Alves Moreira, e de um sacerdote moçambicano, João de Deus, mortos num cenário de muita violência na noite do dia 30 de outubro de 1985 em Champutera, na zona de Tete, no norte do país.

O Bispo de Tete explicou à AIS que o caso vai agora ser estudado.

Tudo aconteceu quando "um grupo de homens armados invadiu a casa onde residiam, arrastaram-nos para fora, levaram-nos para um lugar isolado, apertado e, com grande violência, mataram-nos a tiro e também usaram armas brancas".

Para D. Diamantino Antunes não restam muitas dúvidas de que "a razão pela qual foram mortos tem a ver com a sua ação pastoral" e isso irá agora ser avaliado com base na recolha de documentos e testemunhos.

Segundo afirmou, ambos os sacerdotes "eram pastores muito empenhados na defesa dos direitos humanos, da população e do anúncio do Evangelho no contexto muito difícil da revolução moçambicana de cariz marxista-leninista e também no contexto da guerra civil".

E acrescenta "eles foram de facto homens de paz, de justiça e através das sua ação, da sua palavra denunciavam os males da guerra e, por isso, pagaram o preço da sua ousadia e da sua coragem. Foram mortos de modo violento por razões que têm a ver com o seu agir pastoral. Há razões de fé, há razões também de justiça e de defesa da noção da paz".

Para que o processo de beatificação e de canonização tivesse início "foi também muito importante a fama de martírio que os dois missionários granjearam ao longo do tempo junto do povo moçambicano".

De facto, "após a sua morte foi crescendo, ao longo dos anos, a convicção de que são mártires, mártires da fé, mártires da esperança, e mártires da paz, porque optaram por ficar junto do povo num momento bastante difícil, quando lhes tinha sido proposto sair, ir para um sítio mais seguro, mas eles responderam que o pastor, que o bom pastor não abandona as suas ovelhas no perigo", realçou o Bispo de Tete à Fundação AIS.

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