Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Jesuítas abrem Serviço de Escuta a vítimas de abuso sexual

18 nov, 2021 - 12:35 • Olímpia Mairos

O novo serviço parte do desejo da Igreja Católica de colocar as vítimas no centro da sua atuação em matéria de abusos sexuais e de curar as suas feridas, na medida em que isso seja possível.

A+ / A-

A Província Portuguesa da Companhia de Jesus disponibiliza, a partir desta quinta-feira, um serviço para acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais.

“É um serviço que pretende acolher e escutar vítimas de abusos sexuais, que tenham sido vividos ou que tenham ocorrido no âmbito da Companhia de Jesus e que nunca tenham sido denunciados ou que até tenham sido, mas não tenham sido devidamente tratados”, explica à Renascença a coordenadora provincial do Sistema de Proteção e Cuidado de Menores e Adultos Vulneráveis, Sofia Marques.

O serviço propõe-se, segundo Sofia Marques, ser uma porta de entrada e de acolhimentos das possíveis vítimas que não devem ter vergonha em contactar o serviço.

“Esta é uma mensagem que é muito importante que vá sendo passada e que vai gerar esta confiança. Gostávamos de transmitir a nossa profunda motivação de ter a vítima no centro e de cuidarmos, o melhor possível, da melhor forma que sabemos, pessoa a pessoa, vítima a vítima”, refere.

A coordenadora do novo serviço assegura ainda que todos os casos relatados vão ser analisados e tratados, desencadeando os processos que se sejam necessários e adequados, seja no âmbito da Igreja, seja no encaminhamento para a justiça civil.

“Todas as situações, essa é uma certeza que temos, serão diferentes umas das outras. Há muitas variáveis que determinam os passos a dar, a seguir, em função da data dos factos que tenham ocorrido. Podem ser situações mais recentes ou mais antigas, em termos de prescrição já pode ter prescrito ou não ter prescrito, o suspeito pode estar vivo ou já não estar vivo. Todas essas condicionantes vão determinar os passos a seguir, mas a garantia é de que independentemente da data dos factos e destas situações que estou a elencar, as situações vão ser tratadas e averiguadas. Os procedimentos seguintes vão depender de todas estas variáveis”, explica Sofia Marques.

O Serviço de Escuta dos Jesuítas parte do desejo da Igreja Católica de colocar as vítimas no centro da sua atuação em matéria de abusos sexuais e de curar as suas feridas, na medida em que isso seja possível.

O contacto com o Serviço de Escuta pode ser feito diretamente por email (escutar@jesuitas.pt) ou por carta (morada: Estrada da Torre 26, 1750-296 Lisboa), telefone (de segunda a sexta-feira, entre as 9h30 e as 18h00, através do número 217543085), ou presencialmente, junto da coordenação do Sistema de Proteção e Cuidado, que dispõe de uma equipa a quem caberá receber e escutar a vítima.

As possíveis vítimas serão acompanhadas através de pessoas vocacionadas e formadas para esta missão, ao longo dos processos, que estejam ou possam vir a viver (psicológico, canónico, judicial – civil/criminal), na sequência da denúncia.

O Serviço de Escuta integra o Sistema de Proteção e Cuidado de Menores e Adultos Vulneráveis (SPC) que a Província Portuguesa da Companhia de Jesus começou a implementar em 2018, em todas as instituições e organizações ligadas aos jesuítas em Portugal, como colégios, paróquias, associações de jovens ou instituições sociais.

“A criação do Serviço de Escuta conta também com o apoio de um grupo consultivo, composto por pessoas internas e externas à Companhia, com competências em áreas distintas de intervenção, que ajudarão a Província Portuguesa da Companhia de Jesus a concebê-lo e implementá-lo de acordo com as melhores práticas e o objetivo da sua missão”, pode ler-se na informação disponibilizada.

O serviço entra em funcionamento esta quinta-feira, dia em que se assianala o Dia Europeu da Proteção das Crianças contra a exploração e o abuso sexual.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+